Especialistas e produtores debatem integração da lavoura com a pecuária

Assunto foi tema do último dia do fórum De Onde Virão os Terneiros?Aumentar a produtividade do rebanho e controlar o avanço desenfreado das lavouras de grãos sobre áreas de pastagens são alguns dos desafios de quem produz carne no país. No Rio Grande do Sul, especialistas do Brasil e exterior trocaram experiências no último dia do fórum De Onde Virão os Terneiros?, que debate o futuro da pecuária brasileira.

>>Assista ao vídeo: Avanço da soja sobre pastagens preocupa especialistas do agronegócio no RS

Uma fazenda em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, foi visitada durante o fórum. De acordo com o diretor técnico da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Shardong, o objetivo era ver de perto a experiência de pecuaristas que têm conseguido bons resultados na integração lavoura-pecuária-floresta.

– A soja depende de mercado internacional, e a pecuária de mercado interno. O Rio Grande do Sul sempre teve na pecuária a sua renda. Acredito que é um momento bom para o agronegócio. Quem lucra é o produtor rural – diz Shardong.

O índice médio de prenhez do Estado preocupa o setor. A cada 100 vacas, 56 são bezerros. De acordo com Shardong, o ideal seria que esse número chegasse a pelo menos 80. Outro fator que preocupa é o crescimento das lavouras de soja, que ganham espaço sobre as áreas de pastagem.

– Deve haver um equilíbrio. Nós não somos contra a lavoura de soja, mas a gente tem dar condições de a pecuária sobreviver e ter seu espaço. Pecuária essa que vai ficar em áreas inferiores, em áreas não agricultáveis – destaca.

Os 180 hectares de pastagem do produtor rural, Jorge Oliveira, vai receber o plantio da soja.

– A soja na pecuária é um grande aliado. Ela melhora a estrutura do solo e deixa resíduo, diferente de trabalhar num campo inativo, que não recebeu cultura nenhuma. A pecuária aproveita o grande agregado – diz o produtor.

A propriedade de Oliveira é modelo de boa produtividade, manejo e nutrição. De acordo o produtor, os bons resultados só foram possíveis por causa da integração da lavoura da soja com a pecuária.

O agrônomo e pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Agropecuárias do Uruguai, Fábio Montossi, diz que é possível disseminar esse conceito entre os produtores do Brasil. Ele participou do fórum e dividiu a experiência do país vizinho com a chamada pecuária de precisão. O termo é novo, mas o conceito, segundo o pesquisador é simples

– Combinar a genética com produção, alimentação, manejo, bem estar animal, tudo isso tem que estar junto. Significa usar ferramentas já disponíveis e novas ferramentas, mas, sobretudo significa um campo da mentalidade do pecuarista do século XXI. A pecuária do Brasil, Uruguai e Argentina está se desenvolvendo muito, então, necessita que seja mais eficiente e competitiva – destaca o pesquisador.

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