Pescadores artesanais fazem mobilização em Brasília

Reclamação é a falta de participação no Ministério criado para cuidar do setorNa véspera da Terceira Conferência Nacional de Aquicultura e Pesca, pescadores artesanais acampam e fazem ato paralelo em Brasília. Eles reclamam que não têm voz no Ministério criado para cuidar do setor e querem ser ouvidos na definição de políticas que os beneficiem.

Estatísticas oficiais indicam a existência de 700 mil pescadores artesanais no Brasil, mas como muitos não têm sequer documentos, a previsão é que eles sejam no mínimo o dobro. Mil vieram para o evento em Brasília, que tem como o objetivo mostrar para a sociedade que eles existem e precisam de políticas públicas para continuar na atividade.

O pescador José Ricardo Aquino sobrevive da captura de lagostas no litoral do Ceará e afirma que lá falta fiscalização. Ele diz sofrer com a ação dos mergulhadores que destroem as armadilhas e roubam o crustáceo.

? Alguns deles que andam às vezes até armados no mar. Muitas vezes, nós os vemos e saímos de perto, com medo. Eles andam em uma embarcação a motor e a gente pescando em uma jangada à vela, não consegue pescar lagosta ? desabafa o cearense.

Segundo os pescadores, o Ministério ligado ao setor não se preocupa com eles.

? Foi bem debatida a criação do Ministério pelos pescadores, mas passou a ser uma preocupação quando a gente vê em algumas discussões a defesa do governo para os empresários. Por sermos minoria, em algumas discussões a única participação que os pescadores têm tido é de legitimar alguns projetos com os quais a gente não concorda ? afirma Marizelha Lopes, militante do Movimento dos Pescadores Artesanais.

? Eu estranho esse tipo de reivindicação. Que nós precisamos acelerar os processo de desenvolvimento da aquicultura e pesca, que nós precisamos trabalhar questões hoje em todo o país não tenho dúvida nenhuma. É preciso, sim, dar mais celeridade aos programas e ações, mas não procede o não-diálogo ? rebate o secretário-executivo do Ministério da Agricultura e Pesca, Dirceu Lopes.

Na quarta-feira, último dia da Conferência Nacional de Aquicultura e Pesca, os pescadores vão finalizar um documento e pretendem entregá-lo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.