Direto ao Ponto

'Brasil não pode sair da COP 26 menor do que vai entrar', diz diretor da Citrus BR

Ibiapaba Netto defende que o Brasil precisa mostrar ao consumidor estrangeiro como é o agronegócio no país

O diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Ibiapaba Netto, disse que o Brasil tem que levar à 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26) uma posição técnica e que demonstre a conservação que tem sido feita. A fala aconteceu durante o programa Direto ao Ponto deste domingo, 12. 

“O Brasil não pode sair da COP menor do que ele vai entrar. A gente tem que levar lá uma posição com muita técnica, muito dado, muito fato e muito orgulho daquilo que a gente tem que é essa enorme preservação que temos aqui do meio ambiente”, afirmou o diretor.

Além disso, para o representante do setor também é necessário mostrar como funciona a agropecuária brasileira. Segundo Ibiapaba Netto, ainda há falta de informação por parte dos consumidores internacionais, até mesmo sobre ações do dia a dia dos produtores brasileiros. 

“Uma das experiências que a gente tem aqui na CitrusBR mostra o seguinte: os estrangeiros, de maneira geral, têm pouca ou nenhuma informação sobre o que é o  agronegócio brasileiro, como que ele funciona e quais são as características”.

Outro ponto discutido no programa foi a responsabilização sobre as mudanças climáticas. Ele acredita que há um problema nesses debates. “Na minha visão, essas discussões partem do princípio do que a gente tem pra fazer no mundo daqui para frente. E ela não leva em consideração o papel que os países ricos tiveram até agora nesse processo de aquecimento. E aí, eles acabam colocando toda essa conta do que precisa ser feito nos países em desenvolvimento, principalmente aqui no Brasil”.

O diretor da CitrusBR defende que produtos brasileiros devem ser valorizados pelo fato de boa parte da produção ocorrer em propriedades que têm uma parcela de reserva. O Código Florestal brasileiro resguarda percentuais diferentes de preservação das propriedades em diferentes biomas. Na Amazônia, por exemplo, 80% da propriedade deve estar preservada. 

“Não faz o menor sentido um suco de laranja produzido no estado de São Paulo, que tem pelo menos 20% de preservação de área nativa, receber o mesmo preço de um suco de laranja produzido na Flórida ou na Espanha, que não preserva absolutamente nada. Não é pelo fato de ser lei aqui no Brasil e não ser coisa voluntária, que faz com que o benefício para o meio ambiente seja menor. A sociedade brasileira abriu mão de uma parte do seu território em benefício da produção para que o mundo fosse um lugar melhor para todos. Então, sim, precisa ser precificado”, argumentou. 

Proposta na COP 26

Na última sexta-feira, 10, o vice-presidente Hamilton Mourão indicou que um dos temas que o Brasil deve levar à COP 26 é a questão dos pagamentos por serviços ambientais. A fala foi feita aos jornalistas na finalização de uma visita de embaixadores à Amazônia Oriental. 

“A outra questão é o pagamento por serviços ambientais. Foi essa a discussão chave do Acordo de Paris. Vamos para a COP 26 para trabalhar em torno desse tema”, afirmou o segundo no comando do Executivo. 

A conferência organizada pelas Nações Unidas (ONU) acontece em Glasgow, na Escócia, entre os dias 1º e 12 de novembro deste ano.

*Sob supervisão de Letícia Luvison