Direto ao Ponto

Conectividade: 'Hoje, não vemos o 5G como solução para área rural’, diz consultor 

Convidados do Direto ao Ponto reforçaram que é importante ter empenho para que pequenos e médios produtores sejam incluídos e não percam competitividade quando a tecnologia chegar ao campo

A implementação do 5G no setor rural brasileiro foi o tema do programa Direto ao Ponto deste sábado, 21. Para Carlos Marsiglia, consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ainda é cedo para que essa tecnologia chegue aos produtores. Ele lembrou que, com as diferenças existentes entre os produtores rurais, o acesso à internet mais rápida não é a resposta para o setor atualmente. 

“Nós, infelizmente, não vemos hoje o 5G como uma solução para a área rural, mas futuramente ele pode vir a ser”, afirmou o convidado. 

O consultor de conectividade rural da Associação Matogrossense de Produtores de Algodão (Ampa), Sérgio Dutra,  também participou do programa e concordou com a visão da CNA. “O ecossistema do 5G vai chegar de forma gradual, mesmo nas grandes cidades, porque hoje os dispositivos são muito caros. Nós [setor rural] estamos alguns passos atrás e não será o 5G que irá solucionar a curto prazo nada no espaço rural”, ressaltou. 

Além disso, ele disse quem serão os primeiros a usufruírem da implantação do 5G no Brasil. “Considerando o que aconteceu no 3G para o 4G, os primeiros cinco anos serão muito mais voltados para uso intensivo de dados, nas grandes áreas urbanas, em indústrias específicas, com automação muito específica e no sistema bancário. Esses vão ser usuários mais no curto prazo”.

Dutra ainda completou dizendo que os primeiros a se beneficiarem da tecnologia no campo serão os grandes produtores. Por isso, o consultor também destaca que é importante pensar em não deixar pequenos e médios produtores de fora, já que essa tecnologia vai exigir investimentos altos para a adequação do equipamento e maquinário de produção.

“No rural, a gente vê que o 5G vai acontecer quando soluções mais autônomas, que requerem um alto tráfego de dados, forem realidade. Eu acredito que os primeiros cinco anos serão focados na área urbana, e nos cinco anos seguintes começa a ter uma maior penetração na área rural. Mas, se não for feito nenhum esforço de inclusão, vai começar também pelos grandes produtores, pelos grandes grupos”, disse o consultor da Ampa. 

Leilão do 5G

O leilão que pretende trazer a tecnologia para o Brasil ainda não tem data definida. Antes de ser aberto pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o edital precisará passar pelo Tribunal de Contas da União (TCU). No último dia 18, os juízes formaram maioria pela aprovação, mas o ministro Aroldo Cedraz pediu vista. Com o pedido, a votação foi suspensa e será retomada ainda nesta semana.