Mercado e Cia

'China passará a comprar milho e soja do Brasil com maior intensidade'

Segundo o comentarista Benedito Rosa, o país asiático está retomando seu plantel de matrizes suínas, o que irá exigir uma maior quantidade de insumos

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aumentou de 7 milhões para 13 milhões de toneladas a projeção para importações chinesas de milho na safra 2020/2021. Apesar do volume ainda ser inferior, a produção do país asiático estimada pelo Comitê de Perspectiva de Agricultura da China (CAOC) é de mais de 264 milhões de toneladas.

Para o comentarista do Canal Rural, Benedito Rosa, essa mudança de comportamento era previsível, haja visto que o país asiático se prepara para recuperar seu plantel de matrizes, que totalizava 360 milhões de cabeças antes da crise de Peste Suína Africana (PSA), quando cerca de 40% deste plantel foi perdido. Segundo ele, a produção do país era muito precária há alguns anos, o que levou a China a um estado de vulnerabilidade alimentar.

“Por conta dessa insegurança, estão sendo instaladas na China enormes unidades produtivas de suínos, com grande e modernas fazendas. A projeção do USDA já está refletindo nas compras que o país asiático faz em 2020 e para os próximos anos. Esses acumulados devem chegar a 20 milhões de toneladas em poucos anos”, afirma Rosa.

De acordo com o comentarista, com a retomada da produção de suínos na China, o país passará a comprar maiores acumulados de milho e soja do Brasil para expandir seu rebanho. “A China certamente não criará uma dependência grande com Estados Unidos. Eu acredito, que o país asiático irá buscar outros fornecedores para não depender somente de um fornecedor, e o Brasil será beneficiado certamente”, diz.

Segundo Rosa, os suinocultores precisam estar alertas e acender à luz amarela quanto aos movimentos no mercado futuro de milho para efetuar a programação de suprimentos ou buscar alternativas com relação a alimentação de produção.

“A produção de milho no Brasil está crescendo rapidamente, mas a demanda mundial e chinesa é grande, isso faz com que o mercado internacional acabe ditando e condicionando os preços do mercado interno, assim como a cotação cambial. Isso nos mostra um cenário de preços elevados para o milho nos próximos anos”, finaliza.