Mercado e Cia

Segunda safra de milho deve ter preços firmes, diz analista

Paulo Molinari comenta as valorizações registradas nos contratos futuros mais distantes, que criam um bom momento para negociar a produção futura

Os contratos futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago subiram mais de 3% na sexta-feira, 17. De acordo com o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado, a alta derivou do acordo comercial entre Estados Unidos e China, assinado na quarta-feira, 15.

“Nele, a China anunciou a compra de quatro navios de milho dos EUA, por isso Chicago teve uma valorização surpreendente para o quadro americano, que está muito confortável em termos de estoque”, comenta.

Molinari diz que isso os asiáticos podem estar comprando até produtos que não precisam. “No momento em que entraram para comprar soja, podemos ter um movimento semelhante ao registrado no milho”, afirma.

O analista destaca que as valorizações foram registradas em todos os vencimentos do ano, incluindo setembro e dezembro, o que dá firmeza aos preços da segunda safra no Brasil. “Temos um primeiro semestre muito firme. Até a entrada da safrinha, temos um problema de abastecimento interno a ser resolvido”, relembra.

Segundo o especialista, caso as altas na Bolsa de Chicago continuem, pode ser uma oportunidade para comercializar antecipadamente a segunda safra 2020.

Diante desse cenário, Molinari acredita que, mesmo com uma janela ideal menor devido ao atraso no calendário da soja, os agricultores devem investir no grão. “Devemos perder um pouco da área de safrinha em algumas regiões, mas temos outras que podem até ganhar. No geral, deve ter um bom potencial de produção”, diz.

A projeção da Safras & Mercado é de crescimento de 1,1% na área plantada com milho no Brasil. Já a produção é estimada em cerca de 74 milhões de toneladas. “Até março, podemos ver um potencial acima disso”, completa.

Problemas regionais

O diretor da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Virgílio Afonso, afirma que mesmo com os preços subindo, a janela estreitou muito e agricultores devem migrar para outras culturas, como o sorgo. “E temos um problema, um agravante: a semente de sorgo está ficando escassa por causa da demanda”, diz.

De acordo com o dirigente, esta é a realidade de pelo menos metade dos agricultores do estado, o que pode levar a uma redução significativa na segunda safra.