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Ministério da Agricultura vai analisar estudo que relaciona exportação e desmatamento

De acordo com a pasta, dados do próprio trabalho demonstram que mais de 90% dos produtores rurais não estiveram envolvidos com qualquer tipo de desmatamento ilegal

Um estudo publicado pela revista científica Science causou reações fortes no governo. Entitulado “As maçãs podres do agronegócio do Brasil”, o trabalho foi citado por Jair Bolsonaro na tradicional live das quintas-feiras, quando o presidente criticou os europeus, que tratariam a questão ambiental como uma “seita” e que um dos alvos desses ataques seria o agronegócio brasileiro.

O estudo foi realizado por 12 pesquisadores do Brasil, Estados Unidos  e Alemanha. Ao cruzar dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e dos guias de trânsito animal, eles identificaram propriedades que teriam produzido e exportado gado ou soja em potencial desacordo com as normas do Código Florestal.

Segundo o artigo, embora a maior parte da produção agrícola brasileira seja livre de desmatamento, 2% das propriedades na Amazônia e no Cerrado poderiam ser responsáveis por 62% de todo o desmatamento potencialmente ilegal. Além disso, 20% das exportações de soja e pelo menos 17% das exportações de carne bovina que são proveniente dos dois biomas  e destinadas à União Europeia estão potencialmente ligadas ao desmatamento ilegal entre os anos de 2008 e 2018.

O Ministério da Agricultura se manifestou sobre o tema e afirmou que vai convocar um grupo de cientistas para avaliar detalhadamente cada conclusão do artigo. “O Ministério da Agricultura considera que o artigo científico publicado na revista Science contém informações importantes sobre o período 2008-2018. Assim como o título do artigo induz e os dados demonstram, mais de 90% dos produtores rurais não estiveram envolvidos com qualquer tipo de desmatamento ilegal, com base na amostra de dados do estudo. Dessa forma, não podemos vilanizar a agropecuária”, disse a pasta por meio de nota.

O Canal Rural entrou em contato com a Vice-Presidência da República, já que Hamilton Mourão é presidente do Conselho Nacional da Amazônia e com o Ministério do Meio Ambiente, mas não recebeu nenhum posicionamento.

Entidades do setor, como Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) e Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), também não quiseram se manifestar sobre o assunto.