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Armazém para Todos: Aprosoja-MT lança campanha para aumentar capacidade de armazenagem 

A carência de armazéns, principalmente dentro das fazendas, é apontado o principal gargalo na produção de grãos no estado

Mato Grosso, maior produtor de grãos do Brasil, não tem espaço suficiente para guardar tudo o que produz. Para tentar mudar este cenário, a  Aprosoja lançou nesta quarta, 16,  em Cuiabá, uma campanha que cobra a desburocratização do acesso ao crédito e incentiva a capacidade de armazenagem no estado,  principalmente nas pequenas  propriedades.

A carência de armazéns, principalmente dentro das fazendas, é o principal gargalo na produção de grãos no estado. Segundo a Aprosoja, apenas 30% das unidades estão nas mãos dos produtores rurais.

“No caso do milho, das 30 milhões de toneladas se consome 10, porque  vai embora 20,22 milhões de toneladas porque o produtor não tem onde guardar. Ele tem que vender antes para que, na hora da colheita, não ter que deixar a céu aberto. Então,  sem dúvida nenhuma, a dinâmica da comercialização mudaria com essa armazenagem dentro das propriedades”, ressaltou o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Fernando Cadore.

Gigante produtor 

Mato Grosso responde por  22,2% da capacidade de armazenagem instalada no país. O estado  possui 2.211 unidades, que juntas podem guardar mais de 38 milhões de toneladas. No entanto, a produção é bem maior que isso.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a atual safra de soja e milho deve atingir mais de 70 milhões de toneladas. O total significa um déficit de 32 milhões de toneladas, que pode chegar a 46 milhões de toneladas se as premissas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) forem levadas em conta. A entidade recomenda uma capacidade estática 20% superior ao tamanho da produção.

“É um problema muito grave quando a gente pensa que, se nós tivéssemos na situação dos Estados Unidos quando entrou em guerra comercial com a china durante um ano e oito meses – onde eles conseguiram guardar o produto porque têm 2,7 vezes a capacidade -, o que nós faríamos? Jogaríamos fora, com o país e o mundo passando fome? A gente corre o risco de, se faltar milho em Mato Grosso, produzindo três vezes mais do que se consome porque não tem onde armazenar. Temos que aumentar pelo menos 6 vezes nos próximos dez anos para, pelo menos, tentar equiparar e não deixar que esta disparidade aumentar”, falou.

Armazém Para Todos

Para mudar essa realidade no campo, a Aprosoja Mato Grosso lançou hoje a campanha Armazém Para Todos. A iniciativa reforça a importância de tornar menos burocrático o acesso ao crédito para a construção de novos silos, além de disponibilizar um simulador virtual que aponta a viabilidade econômica para este investimento, independente do tamanho da propriedade.

” Estamos mostrando para o produtor que,se ele contabilizar todos os ganhos possíveis de uma armazenagem, há viabilidade para qualquer tamanho de armazém. Até então era vendido para o produtor que a viabilidade era a partir de tamanhos maiores de áreas, ou seja, um volume maior de produção e estamos demonstrando que isso não é verdade: um produtor de 400 hectares, se ele paga de 4 a 6 anos, vai depender da mentalidade dele de comercialização, se ele vai continuar comercializando antecipado ou não, consegue inclusive fazendo cotações locais e adaptando a construção de acordo com a sua necessidade”, disse Thiago Braz Rocha, consultor de Política Agrícola da Aprosoja.

Cadore explica que a Aprosoja inicia um projeto de médio e longo prazo. “A gente não vai resolver todo o problema de armazenagem em uma safra, duas ou três. Talvez nem em dez, o que a gente precisa agora é mudar a consciência e mudar a maneira que se olha para a armazenagem no nosso estado e no nosso país”, disse, considerando que é um pequeno passo para contribuir para que os gargalos atuais não cheguem à próxima década.

“Atualmente, quando se vai buscar um real para armazenagem, esse dinheiro é muito mais burocrático do que se buscar um real para máquinas. A gente precisa que os moldes de crédito agrícola para máquina seja levado para armazém, uma vez que o déficit para armazéns é gigantesco”, completou.