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Inovação: produtor de São Paulo desenvolve biodefensivo à base de babosa

Magno Alves começou a plantar babosa há 15 anos e hoje é um dos maiores produtores do país; conheça essa história

O mercado de bioinsumos no Brasil vem crescendo 15% ao ano. Segundo especialistas, essa nova ferramenta vai ser tão importante para a agricultura sustentável como o plantio direto e a integração  entre lavoura e pecuária. No interior de São Paulo, por exemplo, um produtor desenvolveu um biodefensivo à base de babosa.

Magno Alves começou a plantar babosa há 15 anos e hoje é um dos maiores produtores do país. Em Santa Cruz do Rio Pardo, interior de São Paulo, além da lavoura com mais de dois milhões de pés, ele construiu uma fábrica para processar o gel. Recentemente, desenvolveu uma linha de cinco biofertilizantes foliares que se propõem ao combate de pragas, bactérias e fungos, além de a aumentar a resistência ao estresse hídrico, inclusive contra raios ultra violetas.

“Lá no Nordeste, ela [babosa] fica anos e anos nutrida, produzindo em altíssima temperatura. E você tem uma referência de custo em relação ao defensivo equivalente? Nós podemos dizer que o custo de um tratamento fica quase a metade do preço de um convencional importado”, disse o produtor.

Em maio deste ano, o Ministério da Agricultura lançou um programa de incentivo ao desenvolvimento e uso de bioinsumos no país, inclusive em larga escala, considerando que esse recurso será tão importante para a agricultura sustentável como o plantio direto e a integração lavoura e pecuária.

A utilização de bioinsumos foi um dos temas do evento nacional do plantio de soja em Capinóplis, Minas Gerais, na semana passada. No Brasil, existem mais de uma centena de biofábricas.

“Esse universo vem crescendo no mundo inteiro em torno de 10% ao ano. No Brasil 15% por ano. Tem relação direta com o universo sustentável, então é um programa de muito sucesso. Apesar no faturamento geral de toda a defesa vegetal no Brasil, os biodefensivos representam só 3% de tudo que se usa. A gente vê um potencial de crescimento sem precedentes para a maior potência agrícola que é o Brasil”, explicou o presidente executivo da CropLife Brasil, Cristian Lohbauer.

A produção de insumos biológicos ainda demanda conhecimentos técnicos e controle de qualidade durante as etapas de produção. Rogério Vian, presidente da Aprosoja Goiás é, hoje, referência nesse assunto. “A gente vem usando sempre o pó de rocha. Esse ano, a gente vai entrar com macro e micro parasitóides também no controle de pragas na nossa região e fosfatos naturais, então temos várias ferramentas e o produtor tem que saber usar e usar o que estiver mais perto dele para que ele possa ter uma rentabilidade melhor, um custo menor para poder sobreviver a esses intempéries climáticas e de câmbio”, falou.

No caso do Magno Alves, além de todas essas vantagens, o desenvolvimento de um biodefensivo é uma maneira que ele encontrou de retribuir a natureza o que ela já lhe ofereceu. “Além de produzir alimentos para o mundo, alimentar bilhões de pessoas, queremos deixar para as nossas futuras gerações um solo e um ambiente igual do que encontramos ou melhor. É essa a contribuição que eu entendo que nós deveríamos deixar para as futuras gerações”, concluiu.