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‘Preço do petróleo mantém estabilidade; o problema é o dólar’

Analista explica como o câmbio tem influenciado no custo da produção e prejudicado algumas cadeias que não conseguem recuperar o investimento na hora da venda

A Petrobras anunciou o quarto aumento de preço da gasolina em 2021 e o terceiro do diesel O reajuste da gasolina foi de 23 centavos por litro e, do diesel, de 34 centavos. Desde o dia primeiro de janeiro a companhia já reajustou em 34,78% o preço da gasolina nas refinarias e em 27,72% do diesel. Em nota, a Petrobras informou que os valores estão alinhados com o mercado internacional e que a mudança nos preços se fizeram necessárias para garantir o abastecimento do mercado brasileiro.

O professor e economista da FGV Agro, Felippe Serigati analisou os impactos das novas altas no custo de produção e explica que o problema principal não é o preço do barril do petróleo e, sim, a cotação do dólar. “Estamos passando, mais uma vez, por uma pressão no mercado de combustíveis. Naturalmente, temos a elevação do preço do petróleo, mas para os mais atentos, em janeiro o preço do barril de petróleo operou US$ 53,60 na média. Em fevereiro do ano passado, na pré-pandemia, o valor médio era de R$ 53,35, ou seja, não mudou muita coisa de lá pra cá, a não ser o período em que a pandemia baixou o preço do barril vertiginosamente. O que impacta no Brasil é o valor do câmbio. E isso significa que todos os insumos de produção associados ao mercado do petróleo ficaram mais caros”, disse.

Segundo ele, alguns setores conseguem compensar a alta no custo com o valor da produção. “Em algumas cadeias, é possível compensar esse custo de produção, mas isso não vale para todos, como por exemplo a cadeia do leite. De qualquer forma, não tem muito para onde fugir. Na volta para a normalidade, ganhamos um dólar operando no patamar mais alto. Pode ser bom para exportar, mas também temos custos mais altos e, em alguns segmentos, não há esse equilíbrio”.