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Alta do milho: avicultor de MT tem prejuízo de R$ 1 por dúzia de ovos

Segundo associação que representa avicultores de postura, a saca do cereal quase dobrou de preço e as cotações da proteína não acompanharam

O avicultor Josilei Rogério Barbero, de Tangará da Serra (MT), precisa de 420 toneladas de milho em forma de ração para alimentar 230 mil aves e garantir a produção diária de 160 mil ovos. Com a alta no preço do cereal, a renda do produtor ficou mais apertada.

“Nós, do setor de avicultura de postura comercial, estamos passando por uma das maiores crises já vivenciadas, provocada pelo alto custo de produção, devido às fortes altas do milho, chegando a 100% de aumento em relação à safra anterior. Nós, produtores, não conseguimos repassar para o preço final do nosso produto. Estamos com um prejuízo em torno de 30% da nossa produção”, diz.

Segundo a Associação Mato-grossense de Avicultura (Amav), a saca de 60 kg de milho, que girava em torno de R$ 38 a R$ 45 em 2020, está entre R$ 68 e R$ 72, alta de 60% nos custos e prejuízo de R$ 1 para cada dúzia de ovos produzidos.

A valorização já causa impactos no setor: quatro granjas produtoras de ovos fecharam as portas no estado. “Temos o nosso custo baseado em dólar e a nossa venda em reais, então não fecha nunca. Com esse problema, várias granjas estão diminuindo a sua produção”, diz o vice-presidente da Amav, Tarcísio Schroeter.

De acordo com o secretário executivo da associação, Lindomar Rodrigues, a avicultura de postura de Mato Grosso vem abatendo precocemente suas matrizes para que nos seus lugares sejam alojadas aves mais jovens, assim diminuindo o consumo. “Lutamos para conseguir equiparação entre o custo de produção e o valor de venda do produto, pois não estamos conseguindo acompanhar o alto valor dos insumos, em especial o milho”, afirma.

Mato Grosso produz aproximadamente 500 mil dúzias de ovos por dia. Para minimizar a atual crise e manter a atividade rentável no estado, a estratégia do setor é reduzir a oferta da proteína ao consumidor para elevar o preço. “As granjas já estão se mobilizando para diminuir o seu plantel, já estamos deixando galpões vazios sem alojar novas galinhas para diminuir a produção, porque o ovo é um produto extremamente perecível então tem que ter logística”, conta Schroeter.