Economia

Após ‘ano perdido’, economista diz que Brasil tem que pensar em 2030

Roberto Troster avalia que o governo precisa reestruturar a economia para colher frutos em uma década e, para isso, alguns processos devem ser revistos

O mercado reduziu em R$ 0,20 a previsão para o câmbio no fim do ano, passando de R$ 5,40 para R$ 5,20 de acordo com Boletim Focus do Banco Central. Além disso, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi reduzida pela 10ª semana seguida, passando de – 6,48% para -6,51%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no país, houve uma elevação de 1,53% para 1,60%. Já a Selic, taxa básica de juros, se mantém em 2,25% para o fim deste ano.

Para entender esse cenário e como pode afetar o agronegócio, conversamos com o economista Roberto Troster. Segundo ele, as projeções apontam uma queda de PIB entre 6,5% e 10%, mas alguns setores vão sentir mais.

 

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“A parte de delivery, por exemplo, está crescendo, mas outras empresas terá uma queda muito maior do que isso, então é uma situação muito enganosa. A nossa preocupação agora deveria ser com o crescimento da economia daqui há 10 anos e o que podemos fazer para ter uma economia mais eficiente e produtiva no futuro. Temos que olhar mais a longo prazo, pois esse ano já está perdido”.

O segundo ponto a ser observado, segundo ele, deve ser o social. “ É inconcebível essa safra recorde que acabaram de anunciar e Goiás e a gente com pessoas passando fome no Brasil. Alguma coisa está errada, já que temos capacidade ociosa, empresários de primeiríssimo nível e recursos naturais. Temos tudo para dar certo e continuamos patinando”.

Sobre o dólar, o economista avaliou que a moeda deve voltar ao patamar dos R$ 4,00 ao final de 2020. “A minha projeção é de que o dólar vai buscar R$ 4,00. Digo isso porque esse era o valor no começo do ano e ele acabou subindo com as incertezas políticas. Já começou a voltar e o déficit de transações correntes está encolhendo, ou seja, precisará de menos dólares, então a tendência é câmbio para baixo, mas a curto prazo ainda está suscetível ao que vai acontecer na política”, avaliou.

Mesmo o Brasil se encontrando em uma situação mais delicada do que outros países, para Troster, é possível sim se recuperar e reverter a situação. “Futuro é algo que a gente faz e temos condições de começar a mudar. Vamos parar de fazer as coisas como a gente sempre fez, e mudar essa situação”, finalizou.