Agronegócio

Arroz: RS segue na liderança da produção nacional e prevê colheita de 8 mi de toneladas

O cenário é positivo também para os consumidores, porque não haverá a necessidade de importar o produto, como aconteceu no ano passado

O produtor de arroz do Rio Grande do Sul fez bem o “dever de casa”, nesta safra. A produtividade média das lavouras que estão sendo colhidas no estado está em 8.904 quilos por hectare. Esse número reflete todo o cuidado no manejo por parte dos produtores rurais para que se alcance uma boa produtividade, aliado às condições climáticas favoráveis que marcaram a safra 2020/2021.

Arroz: produtividade no RS está acima da média histórica, diz Irga

O Instituto Riograndense do Arroz estima que a safra chegue ao final com um volume próximo ao do ciclo de 2019/2020.  A projeção faz parte do resultado parcial da colheita, que está em andamento. Para a Associação Brasileira da Indústria do Arroz, o cenário também é positivo porque não haverá a necessidade de importar o produto, como aconteceu no ano passado.

Igor Almeida, que é produtor de arroz em São Gabriel, região da campanha do Rio Grande do Sul, explica como está o andamento da colheita na área de 240 hectares. “A gente está aqui dando seguimento na colheita do arroz. Esse ano de 2021, ocorrendo uma safra muito boa, com produtividade esperada, teremos em torno de 210 sacas por hectare. Foi um ano muito bom, ocorreu bem, choveu bem aqui para nós, não faltou água. Nós tivemos acompanhamento do Instituto Riograndense do Arroz, que nos ajudou muito na parte de estabelecimento da lavoura e que ocorra uma boa safra para todo mundo” , disse.

Rogério Cantarelli, que trabalha na região de São Gabriel, no primeiro Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), faz um balanço positivo da safra. ” Tivemos uma pequena redução de área semeada, isso devido à escassez de água na época de semeadura , onde os reservatórios não estavam com o nível máximo de armazenamento de água. Isso influenciou o produtor a diminuir um pouco a área semeada . No decorrer do ano foi excelente  para a cultura do arroz. Tivemos algumas áreas isoladas com difícil controle de  plantas invasoras , devido à própria escassez  de água, onde o produtor teve que diminuir  o nível de lâmina d’água para garantir a irrigação até o final do ciclo da cultura. Isso favoreceu o estabelecimento de invasoras . No nosso levantamento feito de área colhida e produtividade, observamos uma excelente produtividade . Estamos com praticamente 50% da área colhida.  Uma produtividade  acima da média da safra anterior . Isso se dá pelo aumento  da área semeada de cultivares de alto potencial produtivo, favorecendo com certeza  para o aumento da produtividade média, por hectare”, disse.

Ritmo de colheita

O Rio Grande do Sul já colheu 43% da área. São 945,9 mil hectares reservados para a cultura, nesta safra. O estado responde por 70% da produção nacional de arroz.  Cerca de 65% das cultivares, que hoje estão nas lavouras gaúchas, têm a genética do Irga com boa resposta produtiva.

A produtividade média, calculada pelo Irga, está  em 8.904 quilos por hectare.  Os produtores capricharam no manejo e o clima foi um aliado da lavoura.

colheita de arroz
Foto: Irga

O diretor comercial do Irga, João Batista Camargo Gomes,  recomenda que os produtores mantenham o mercado abastecido, cuidando dos custos de produção e da união de esforços para viabilizar as exportações com o objetivo de regular o mercado de arroz em casca e beneficiado.

“Estamos atingindo quase 50% da colheita,  uma boa produtividade e que poderá manter o mercado abastecido. O comportamento  do produtor ao lançar oferta  deste produto também vai influir. O produtor deve ter a inteligência  e a organização para que essa oferta seja feita de forma escalonada, sem sobressaltos, de forma a manter o mercado abastecido  e obter preços  compensadores. O consumo também, nessa época de pandemia, com  muitas famílias,  na maior parte do tempo, em casa, consumindo mais, o auxílio emergencial que está vindo. O câmbio afetará, sem dúvida,  na importação e exportação. Os Estados Unidos já anunciaram uma redução  na área de plantio  e, como é um país exportador , consequentemente, a exportação  de produtos de lá será menor, dando espaço para outros mercados, a outros países”, disse.

Segundo ele, como recomendações a soma de esforços das entidades , do próprio Irga para viabilizar as  exportações com o objetivo de regular o mercado, tanto de arroz em casca , como beneficiado e também o produtor deve ter um cuidado especial com os custos de produção para a próxima safra.

Para Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), os grãos que estão saindo das lavouras do Rio Grande do Sul vão ajudar a manter o mercado interno abastecido. “Este cenário leva a um prognóstico muito favorável  de que não deverá faltar arroz  ao longo de 2021. Portanto, o abastecimento interno está segurado e de que também não deverá haver necessidade de importação de arroz de terceiros países, como aconteceu em 2020. Isso é muito positivo  para o mercado brasileiro”, disse Andressa Silva, diretora executiva Abiarroz   .

Segundo ela, o mercado externo está muito demandado e isso acaba levando uma maior valorização do grão. “Nossos parceiros do Mercosul , por sua vez, que tradicionalmente carreiam seus excedentes para o Brasil, acabaram diversificando  seus mercados de destino em 2020, em decorrência da pandemia,  e também deverão estar mais demandados.  A indústria acredita que não deverá haver picos de preços  ao longo de 2021. Os preços devem se manter mais estáveis , certamente, em patamares superiores ao período pré-pandemia, em 2020, mas com uma estabilidade”, finalizou.