MG: cotação da arroba cai no segundo semestre de 2016

Segundo semestre teve comportamento atípico, com queda de 5% no preço do boi gordo. Nos anos anteriores, valorização chegou a 10% no período

Fonte: Canal Rural

O segundo semestre do ano é o período em que a arroba do boi gordo registra maior crescimento de preço. Mas, em 2016, a situação foi diferente. As cotações cairam 5% e o poder de compra do invernista ficou menor.

A picanha tão desejada no churrasco dos brasileiros ficou meio sumida na mesa do consumidor. Para o comerciante José Reinaldo de Oliveira, houve uma “debandada” no mercado da carne. “Com a carne do boi cara, muita gente migrou para a carne de porco e de aves que estão mais baratas. Ela deixou de ser algo recorrente no cardápio”.

E para para pagar mais barato vale de tudo. Este consumidor, por exemplo, está sempre atento aos preços e não só da carne bovina. “Vim no mercado para comprar carne de vaca, mas a carne de porco está mais em conta estou levando 4 Kg de carne de porco”, diz o montador José Abadio Batista.

A queda no poder de compra do consumidor e a concorrência com outros tipos de carnes dificultam o aumento nos preços da arroba do boi gordo. Segundo a Scot consultoria, no segundo semestre de 2016, a arroba caiu 5%, movimento contrário ao registrado nas últimas duas décadas, quando a arroba registrou alta de 10% entre os meses de julho e dezembro.

“Este ano não tivemos o comportamento típico de segundo semestre, principalmente de último bimestre de ano. São períodos em que os preços da carne sobem e consequentemente os preços da arroba sobem também, já que o frigorífico tem margem para pagar mais. Mas não foi o que aconteceu. Desde setembro o mercado segue estável em função da dificuldade no consumo”, aponta o analista Alex Silva. 

De acordo com os dados da consultoria, o preço médio da arroba ao longo do ano foi de cento e cinquenta e dois reais, alta de 5% em relação a 2015. Mesmo assim o número está abaixo da inflação projetada e é inferior ao desempenho visto em anos anteriores. O cenário é ainda mais preocupante por que o custo de produção da atividade subiu 12% este ano.

Com o preço da arroba pressionada no segundo semestre, fator de alta influência para o confinamento, não há dúvida de que 2016 foi um ano de menores resultados para quem colocou animais no cocho. Um reflexo disso foi a redução no número de animais confinados em torno de 15% a 20%.

O pecuarista Felipe de Brito Brunizzi sentiu na pele os efeitos da recessão. Ele confinou quase 6 mil mil bois no último ano, mas não conseguiu vender a arroba pelo preço esperado. Soma-se a isso a valorização de 24% no valor da diária do confinamento e está dado o prejuízo. “Nosso melhor preço de arroba foi em outubro, o que nunca aconteceu. Sempre tivemos melhores preços na última quizena de novembro e na primeira quinzena de dezembro. Foram meses de custo muito elevado”, diz Brunozzi. “O negócio ficou apertado”.