O próximo ano vai trazer maior volume de recursos para o crédito rural e redução na taxa de juros. A conclusão é dos membros da Câmara Temática de Crédito, Seguro e Comercialização do Ministério da Agricultura (Mapa), que se reuniu em Brasília nesta quinta-feira, dia 30.
O presidente da câmara temática, Ivan Wedekin, está bastante otimista sobre o cenário de crédito no país. Ele acredita que o Plano Safra vai viabilizar taxas baixas para crédito e investimento. “Nós certamente vamos ampliar o papel do seguro, e ele vai ser ainda mais importante nesse regime de taxa de juro baixa que esperamos que continue por muitos anos”, diz.
A tomada de crédito entre julho e novembro já foi maior neste ano, crescendo quase 20% na comparação com o mesmo período de 2016. O salto foi de R$ 60 bilhões para R$ 72 bilhões. Dados apresentados pelo Banco Central mostram um crescimento do crédito rural em todas as linhas. Wedekin afirma que, em 2017, houve aumento de recursos entre 15% e 17%.
De acordo com o Banco Central, a taxa de juros média do crédito rural em setembro foi de 7,7% ao ano. Os recursos livres, aplicados pelo bancos dentro do crédito rural, tiveram queda de 20%, em dezembro do ano passado, para 11% neste ano. Isso significa mais crédito rural e uma redução da taxa de juros significativa para o agricultor.
O coordenador técnico da Comissão de Política Agrícola da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Célio Porto, afirma que há um cenário inédito na economia que beneficia o produtor rural. “A perspectiva é de que a Selic termine o ano em 7%, enquanto que os juros limite para custeio do produtor médio é 7,5% e para o custeio do grande é 8,5%, ou seja, juros-teto de custeio maiores que a Selic. Para efeito de Plano Safra também significa uma oportunidade de buscar fontes alternativas, que não dependem tanto da subvenção, do Tesouro, nem dos depósitos à vista”, enumera Porto.
Nos próximos dias, o Ministério da Agricultura vai tentar a liberação de R$ 30 milhões para a subvenção do prêmio ao seguro rural junto ao Ministério do Planejamento. Esse valor faz parte dos R$ 400 milhões previstos pelo governo para este ano, que até agora só liberou R$ 370 milhões.
O orçamento do Mapa teve um corte de cerca de 40%, lembra o diretor do Departamento de Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola, Vitor Ozaki. Mas, segundo ele, os recursos destinados ao seguro rural praticamente não foram afetados.
As seguradoras indicam que os produtores vão ter que recorrer ao seguro rural para manter a rentabilidade e fazer a nova safra. Presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (Fenseg), Wady Cury afirma que o setor vem trabalhando para que o orçamento dê tranquilidade ao produtor para que ele possa fazer seu planejamento.
“O agricultor, hoje, reconhece que o seguro agrícola é um grande instrumento de gestão do seu risco. Já incorporou que, tão importante quanto ter um bom projeto técnico, uma boa semente, é ter um bom seguro agrícola”, diz Cury.