Sojicultores gaúchos antecipam compra de insumos

Motivo é a incerteza sobre a variação do câmbio até o próximo plantioO Rio Grande do Sul comemorou neste fim de semana a abertura da colheita da soja no estado. Enquanto colhem a maior safra da história, muitos produtores gaúchos já estão se programando para a próxima. Diante das incertezas sobre a variação do câmbio no país ao longo do ano, há quem aconselhe antecipar a compra de, pelo menos, parte dos insumos.

Com 26% da área de soja colhida no estado, o sentimento é de que era possível ir além. Nesta reta final, os produtores gaúchos sofreram com a escassez de chuvas e com a ferrugem asiática. Mesmo assim. o estado segue na expectativa de alcançar a maior safra da sua história: 14 milhões de toneladas. Enquanto os grãos são colhidos no campo, todas as atenções seguem no mercado internacional.

– O dólar está bom e os preços também. Com a perspectiva de uma boa colheita, este ano a safra terá um resultado positivo – avalia o coordenador da divisão técnica do Senar-RS, João Telles.

Há um ano, o dólar estava cotado a R$ 2,26. Hoje, a moeda norte-americana vale R$ 3,24, uma valorização de cerca de 40%. Mas o mesmo câmbio que aumenta a rentabilidade desta safra preocupa os sojicultores que planejam o próximo plantio. Sem uma perspectiva de estabilização do dólar, produtores como Dorival Lima Terra estão antecipando as compras dos insumos.

– Como não se sabe a safra que vai se ter, salvo algumas situações que a gente está fixando, algumas traders estão fixando a saca de soja entre R$ 65 e R$ 66. Então, se esse valor dá para comprar os insumos daquela proporção que a gente acha que é viável, estamos comprando. Mais ou menos a metade eu já arrisquei. Sei de pessoas que já investiram em 100% – afirma Terra.

Mas o produtor diz que a maioria ainda está esperando finalizar a colheita safra para avaliar o comportamento do dólar. Com o custo de produção mais elevado para a próxima safra, o grande receio do produtor é uma valorização do real na hora da venda.

Logística preocupa

Os problemas de logística, velhos conhecidos dos produtores, são outra grande preocupação nesta safra. Há mais de seis décadas os produtores do noroeste gaúcho aguardam a pavimentação da ERS-392, que liga Tupanciretã a Santa Tecla. Apesar da importância da obra, o governador do Estado, José Ivo Sartori, não deu muitas esperanças aos agricultores de que este problema vai ser resolvido.

– Nós estamos implementando algumas ações internas, parcerias público-privadas, consórcios, tudo numa realidade em que o Estado tem poucas condições de fazer grandes investimentos. O que pudermos fazer no que diz respeito à infraestrutura para facilitar o escoamento da produção, diminuindo os gargalos, será obrigação nossa dentro das condições que nós temos.

Edição de Gisele Neuls