Veja o que o governo tem feito para deixar o seguro rural mais acessível

Cada propriedade tem uma particularidade e o governo já tem um site com informações que podem ajudar o produtor rural a entender os riscos da sua região

Fonte: Arnaldo Alves/ ANPr

Muitos produtores rurais reclamam da dificuldade para contratar o seguro rural e a burocracia que envolve a operação. Mas já existem alternativas para garantir a proteção da lavoura e, para não fazer um mal negócio, a dica é ouvir um especialista.

“Antes de fazer o seguro rural, recomendamos ao produtor procurar alguém que possa ajudar nesse assunto. Nós vamos analisar a região, a média de produção dos últimos cinco anos e os eventos climáticos que mais ocorreram nesse período para dar ao agricultor a melhor alternativa de seguro, qual seguradora pode atender as necessidades dele e qual o canal de distribuição mais indicado. Com todas essas variáveis, chegamos a uma cotação e uma proposta certeira”, disse o corretor de seguro rural Charles Alves Júnior.

O agricultor José Carlos Ferigollo segue os conselhos do especialista e há cinco safras contrata o seguro para a sua propriedade em Cabeceira Grande, no noroeste de Minas Gerais. Em uma dessas temporadas, a falta de chuva fez com que metade do milho safrinha fosse perdido e esse estrago só não foi maior por causa do seguro.

“Nós tivemos a produtividade abaixo da garantia de seguro, então recorremos e tivemos a cobertura, com a diferença do que produziu para o que estava contratado.Nós entendemos que a ferramenta seguro agrícola é muito importante, apesar de alguns ajustes que precisam ser feitos”, disse.

O setor estima que existem aproximadamente cem corretores de seguros especializados em agricultura para atender todo o país.  Um número ainda pequeno, que faz com que poucos produtores tenham acesso ao serviço.

Além do seguro de produtividade, o país conta com o seguro de risco nomeado, no qual o agricultor determina qual o risco quer cobrir, como geada ou granizo. Tem também o seguro de renda, que já é oferecido pelo Banco do Brasil, que garante faturamento ao produtor. Este é o modelo considerado ideal, já que leva em conta todos os custos da lavoura.

“Acredito que deva ser adotado por todos os produtores, inclusive para melhorar o contexto de segurança e custo dessa ferramenta, para que possamos fazer agricultura com um pouco mais de segurança, não depender única e exclusivamente de um clima adequado”, falou o produtor rural.

Seguro mais acessível?

Produtores e seguradoras dizem que só a mudança de modelo de contratação não é suficiente para tornar o seguro agrícola mais popular. A falta de informação impede que mais produtores busquem a alternativa, mas o conhecimento pode chegar rapidamente pelo Atlas do Seguro Rural, que está disponível gratuitamente pela internet.

O material mostra informações como indicadores por cultura, importância segurada, apólices, taxas de contratação e valores pela subvenção. O portal mostra ainda a comparação entre as condições oferecidas pelas seguradoras como forma de ajudar o produtor a tomar a melhor decisão. O Ministério da Agricultura é o responsável pelo sistema, que ainda precisa ser aperfeiçoado.

“Estamos tentando viabilizar um conjunto de informações para ser disponibilizado para os produtores, também no escopo do trabalho que é feito pelo zoneamento de risco climático. A ideia é ampliar as informações, trazendo dados de clima que são essenciais para o produtor tomar essas decisões de plantio e calcular o risco”, explicou o coordenador-geral de Seguro Rural do Ministério da Agricultura, Gustavo Bracalle.

Para o ex-secretário de Política Agrícola do ministério, Benedito Rosa, informações acessíveis podem despertar o interesse das seguradoras e ampliar o número de empresas que oferecem o serviço , aumentando a concorrência e diminuindo os custos.

“Com o mercado mais conhecido, elas não precisariam criar departamentos novos. Para o seguro agrícola, as empresas precisam contratar um grande grupo de agrônomos, veterinários, técnicos da área e economistas para estudar e projetar o nível de risco, o que custa muito. O zoneamento agrícola e um histórico de bons agricultores, no entanto, podem fazer com que essa alíquota desça para níveis acessíveis”, disse.