Vinícolas querem vender espumante o ano todo

Apesar de comemorar o crescimento nesta época do ano, produtores tentam convencer o consumidor a tomar a bebida de março a outubro

A indústria de espumantes fecha 2015 comemorando um incremento de 14% nas vendas internas. Um dos tipos preferidos, o moscatel vendeu 20% a mais do que em 2014. Nesta época do ano, claro, a comercialização dá um salto. E as vinícolas abrem umas garrafas para festejar os resultados.

Na vinícola Dal Pizzol, em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, a produção mensal em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro chega a 16 mil garrafas. “Nesses quatro meses, a venda de espumante representa de 40% a 50%”, diz Antônio Dal Pizzol, proprietário da empresa.

O motivo é lógico. A bebida é tradicional nos brindes de Ano Novo. Apesar disso, o produto tem mercado o ano inteiro.

“Hoje, a demanda do espumante representa em torno de 40% da venda da vinícola hoje. O curioso é que fabricamos cinco espumantes, contra 12 vinhos”, enumera Dal Pizzol.

Entre todos os tipos de espumantes, o brut ainda é o carro-chefe, mas o moscatel vai conquistando seu espaço.

“É um espumante mais jovial, mais alegre, mais fácil de você consumir. Está deslanchando nos últimos anos, tendo um crescimento maior do que o do espumante tipo brut”, diz Dirceu Scottá, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

O dólar alto ajuda a impulsionar as vendas do produto nacional. Segundo Scottá, é preciso levar em conta que grande parte dos insumos são importados. “Agora, você vê que o dólar alto beneficia o produto nacional. Mas, se em 2016 e 2017 continuar dessa forma, os custos do produto nacional também vão subir.”

A meta para 2016 é manter a regularidade no consumo da bebida durante o ano todo e fortalecer o mercado interno por meio da valorização do produto nacional.

“Na França, você vai tomar produto francês. Na Espanha, em espanhol. Então primeiramente você tem de fortalecer o consumo interno, pra depois você buscar o mercado externo”, diz Scottá.
 

Harmonização

Para ajudar na escolha do espumante que melhor combina com a comida, Dal Pizzol preparou uma degustação com produtos da sua marca.

Começa pelo tipo  natur, que tem menos de 4 gramas de açúcar na fórmula. Ele se presta muito bem para uma carne mais encorpada, com cerne de porco.

O brut tem uma faixa de 12 gramas de açúcar. Isso faz dele uma companhia muito boa para carne de peru. O brut mais leve também se presta para uma carne mais leve, menos encorpada.

O rose vai bem como aperitivo, para regar uma happy hour no fim de tarde. Ele também se presta muito bem para acompanhar uma sobremesa.

Espumante doce, o moscatel nasceu para acompanhar uma sobremesa, porque casa muito bem com o doce dos pratos.