Tomate chega a ficar 100% mais caro do que em 2015

Fortes chuvas e aumento nos custos de produção são as principais justificativas para essa subida, que tem afugentado consumidores

Fonte: Suelen Farias

O preço do tomate subiu quase 100% no início deste ano, em relação ao que era cobrado em 2015. A justificativa passa pelas fortes chuvas e o aumento dos custos de produção. Somados, esses fatores provocaram instabilidade na cadeia produtiva, que levou à redução de área plantada em diversas regiões.

A alta no preço começou em novembro de 2015, mas atingiu o pico dos últimos 24 meses na segunda semana de janeiro. Na Ceagesp da capital paulista, o maior entreposto de frutas, verduras e legumes da América Latina, uma caixa de 20 quilos de tomate italiano chegou a ser vendida a R$ 160, valor 100% maior que o praticado no mesmo período do ano passado.

“O tomate atingiu no início do mês de janeiro o maior pico, que é de R$ 7 a R$ 8 o quilo no atacado. Esse preço já recuou, mas ainda está acima dos patamares habituais”, diz Flávio Godas, economista da Ceagesp. Ele aponta o clima como principal responsável pelo aumento. “Choveu bastante nas regiões produtoras, e isso afeta diretamente a qualidade e o volume ofertado. Então, com menor oferta e menor qualidade, o reflexo é a elevação dos preços praticados”, completa.
 
Em uma banca atacadista, além de problemas com o volume e com a qualidade do tomate, foi registrada, desde os primeiros dias do ano, uma queda de 40% na demanda pelo fruto. 

“Como subiu muito, chega ao consumidor final, e ele acaba não consumindo, não comprando pelo preço. O tomate italiano chegou a R$ 8, o preço de venda para nós. Então para o consumidor final chegou a até R$ 12 o quilo’’, diz Ricardo Rodrigues Guze, gerente comercial do atacadista.

O tomate está mais caro também pelo aumento dos custos de produção em 2015. Produtor na região sudoeste de São Paulo há mais de trinta anos, José Luiz Batista decidiu reduzir 30% da área plantada para tentar equilibrar as contas.

“O produtor está mais cauteloso para não tomar o prejuízo que vem tomando há tempos. O produtor depende de investimentos e está tudo fechado por parte do governo”, diz o produtor.

“Nos próximos 60 dias não há perspectiva de queda. O consumidor vai perceber o produto com baixa qualidade e com preço acima do patamar habitual. A partir de meados de maio, junho, a tendência é de queda”, adianta o economista Godas.

Em busca dos ingredientes para a tradicional coxinha da família Silva, as primas Sandra e Nair encontraram o tomate, indispensável na receita, R$ 8,50 o quilo.  Acabaram levando pra casa só o suficiente para colorir o recheio. “Só levei a quantidade que vou usar. Um ou dois tomates”, diz a aposentada Sandra Regina Silva.

Comerciante no mercado municipal da Lapa, zona oeste de São Paulo, Maria Harumi viu o consumidor comprando menos tomate nas últimas semanas. O quilo da variedade italiana chegou a R$ 11. “Chocava, né? Ficavam meio assustados e reclamavam, mas sempre acabam levando um pouquinho”, diz a comerciante.

O preço alto fez muita gente até desistir do consumo. Desde o começo do ano, a salada da professora Márcia Regina é servida sem o ingrediente: “Geralmente eu substituo por cebola ou só alface mesmo. Já não tem mais aquele colorido na minha salada”.