Código Florestal: comissão aprova PL que visa preservar nascentes intermitentes

Projeto de lei modifica o conceito de nascente e Área de Preservação Permanente (APP)

Fonte: Divulgação/Pixabay

A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei (PL) 350/15, que altera o novo Código Florestal (Lei 12.651/12) com o objetivo de proteger as nascentes intermitentes, aquelas que secam periodicamente. 

De autoria do deputado Sarney Filho (PV-MA), o PL altera o conceito de nascente, definindo-a como “afloramento natural do lençol freático, ainda que intermitente, que dá início a um curso d’água”. Atualmente, o conceito é “afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água”.

Segundo Filho, “a lei vigente efetivamente protege, para o caso das nascentes, aquelas que não sejam intermitentes, mas as nascentes intermitentes precisam mais ainda de proteção, por toda sua fragilidade e importância biológica”. O deputado explica ainda que a proteção das nascentes é importante especialmente no contexto atual de crise hídrica no país.

“As nascentes tem importância vital para todo o sistema hídrico, sendo que a diminuição de suas vazões, e até mesmo a sua total seca, apresenta consequências negativas diretas para os córregos, rios e demais cursos d’água”, complementa.

APPs

O projeto altera também o conceito de Área de Preservação Permanente (APP) para “faixas marginais de qualquer curso d’água natural, perene ou intermitente, desde o seu nível mais alto da cheia do rio”. A definição atual contida no código para APPs é de “faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular”.

Conforme destaca o deputado, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) evidencia a necessidade de as margens de cursos d’água voltarem a ser demarcadas a partir do nível mais alto da cheia do rio, como ocorria antes da aprovação do novo código. “A substituição do leito maior do rio pelo leito regular para a definição de Área de Preservação Ambiental tornam vulneráveis amplas áreas úmidas em todo o país, particularmente na Amazônia e no Pantanal”, ressalta.

Segurança hídrica

O parecer do relator, deputado Rodrigo Martins (PSB-PI), foi favorável à proposta. “Nenhuma nascente pode ser considerada insignificante, pois mesmo a menor nascente contribui para a segurança hídrica do Brasil”, afirmou.

“No que concerne ao restabelecimento da delimitação da APP a partir do nível mais alto do leito do curso d’água, consideramos que a alteração, além possibilitar a proteção essencial às áreas úmidas do país, contribuirá para a redução das perdas patrimoniais e de vidas humanas associadas às enchentes e a outros desastres naturais”, complementou.

Tramitação

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural já havia rejeitado o projeto, que agora será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e, em seguida, pelo Plenário.