Agronomia Sustentável

Brasília revela que engenharia agronômica não se restringe ao campo

O segundo episódio da série Agronomia Sustentável mergulhou na gestão de resíduos sólidos e no trabalho de engenheiros agrônomos na capital federal

Na capital do Brasil, famosa pelas obras arquitetônicas de Oscar Niemeyer e por sediar a sede dos Três Poderes, o segundo episódio da segunda temporada da série Agronomia Sustentável mergulhou na gestão de resíduos sólidos e no trabalho de engenheiros agrônomos em prol da sustentabilidade.

Esse é o caso do agrônomo e educador ambiental Gustavo José Soares, que aproveitou a familiaridade com os resíduos orgânicos proporcionada pela profissão que exerce para dedicar-se à compostagem, técnica que estimula a decomposição de alimentos pós-consumo para a fabricação de adubo. “Temos de garantir que as gerações futuras terão o mesmo padrão de natureza que possuímos hoje”, diz.

Neste capítulo, Soares mostra os dois tipos de compostagem que desenvolve no Centro de Práticas Sustentáveis: a de minhocário, ideal para ser utilizada em casas e apartamentos; e a leira, que é mais rústica e precisa de espaços maiores.

Papel da agronomia em Brasília
Foto: Setur/divulgação

O assunto é de extrema importância para a redução de impactos ambientais no Brasil. Tanto é que pesquisas mostram que mais de 50% dos resíduos produzidos no meio urbano poderiam ser destinados à compostagem. A prática reduz danos à natureza, proporciona alimentos mais saudáveis à população, reduz custos de produção e, ainda, gera insumos para a lavoura.

Da horta ao supermercado

Em seguida, o segundo episódio da série mostra o caminho da horta ao supermercado. Nesse ramo, conversamos com a engenheira agrônoma Clevane Ribeiro Valle, que comercializa alimentos orgânicos em Brasília. Depois de produzir e vender produtos do tipo em feiras do Planalto Central, ela abriu seu próprio supermercado que, com o tempo, se expandiu para uma rede de sete lojas.

“É uma forma de verticalização dos nossos produtos, que são as hortaliças e os laticínios, dando oportunidade a outros produtores que também trabalham nessa linha terem a chance de expor seus produtos em uma casa que os destaque e não em uma grande rede que, muitas vezes, não concede esse mesmo espaço por ter outros produtos com mais números de itens para expor”, destaca.

Abrangência agronômica

Já no segundo bloco do programa, visitamos o Clube de Engenharia de Brasília, que agrega, também, cursos de agronomia. Por lá, conversamos com a agrônoma e diretora técnica do clube, Marjorie Stemler da Veiga. Ela está na área de engenharia de alimentos há mais de 20 anos. “Fui descobrindo que posso atuar no varejo, nas indústrias e não apenas na área agrícola, no campo. Posso abordar toda a cadeia de suprimentos, do campo à mesa das pessoas”, conta.

Segundo ela, o papel da entidade é divulgar a área de trabalho dos engenheiros agrônomos, fortalecer a profissão, promover eventos técnicos e fomentar as discussões em torno de todo o setor.

O episódio ainda ressalta o papel da engenharia agronômica na restauração da flora de Brasília. Um dos profissionais que trabalham para deixar a capital do país mais bonita e arborizada é o engenheiro agrônomo Saulo Costa Ulhoa. “O trabalho do agrônomo é trazer seus conhecimentos da área ambiental, de solo, climática e florestal para recuperar áreas devastadas pela ação do próprio homem”, declara.

Ulhoa lembra de um fato curioso da história brasileira, que foi revertido pelos conhecimentos trazidos por profissionais da área. “Chegou-se a propor levar de volta a capital do país ao Rio de Janeiro porque dizia-se que, em Brasília, nem árvore dava.”

Integração de funções

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF) congrega, atualmente, 2.864 engenheiros agrônomos ativos. De acordo com o coordenador da Câmara de Agronomia da entidade, Paulo Guilherme Cabral, o profissional do setor precisa dialogar com outros especialistas, como o engenheiro florestal. “Além de regulamentarmos quais são as atribuições de cada um dos profissionais, também devemos buscar uma integração entre eles porque a necessidade da sociedade está cada vez mais atrelada a uma atuação mais integrada com o mundo”, considera.

E falando em integração, o terceiro episódio do programa Agronomia Sustentável vai mostrar a união entre campo, cidade e inovação em Cuiabá, Mato Grosso, o estado do agronegócio.

O programa Agronomia Sustentável mostra a conexão do rural com o urbano para destacar a presença e responsabilidade econômica e social da agronomia. A série é uma parceria do Canal Rural com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e Creas exibida todos os sábados às 9h, com reprise aos domingos, às 7h30