Agronomia Sustentável

Preservação ambiental em cidades nordestinas é o foco do Agronomia Sustentável

Oitavo episódio da segunda temporada da série conta com experiências de profissionais na área de resíduos sólidos, conservação de manguezais e zoneamento urbano

O nordeste é conhecido pelas belas paisagens e praias de águas cristalinas. Em Alagoas, são mais de 250km de costa e é no meio de tanta beleza natural que a equipe da série Agronomia Sustentável encontrou o escritor e engenheiro agrônomo Paulo César Casado, profissional dedicado à preservação dos manguezais.

Maceió - agronomia
Foto: Pixabay

Em uma ilha próxima à capital, ele divide espaço com os caranguejos, sustento de muitos pescadores da região. De acordo com estimativas do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio), 25% dos manguezais no Brasil foram destruídos desde o começo do século 20. Mas o trabalho de profissionais na conservação desse ecossistema tem mudado o cenário por lá. “Muitos dizem que é uma das mais extraordinárias formações da natureza. Ele se manifesta de uma forma aonde as outras plantas não conseguem se desenvolver”, define Casado.

Alagoas possui cerca de 760 engenheiros agrônomos ativos no Crea-AL. A entidade, aliás, tem uma presidente mulher pela primeira vez na história, a Rosa Tenório. “Em Maceió, especialmente por conta dessa fragilidade geográfica, de parte alta e parte baixa, onde você tem uma franja enorme de área de proteção permanente, que precisamos ter cuidado, porque são encostas. Aqui o agrônomo tem um papel fundamental para definir qual a melhor cultura, muda para àquela região. O agrônomo é um profissional extremamente importante, integra, inclusive, o nosso conselho de forma muito pró ativa”, reforça.

Resíduos sólidos

Conscientizar a população sobre o descarte irregular dos resíduos é uma das tarefas da engenheira ambiental e sanitarista Kedyna Tavares. Além das praias, a profissional também percorre as regiões periféricas da capital. “O volume de resíduos sólidos nessa região é grande, então a gente precisa fazer um trabalho que não possa causar tanto impacto no recolhimento desse material até o aterro sanitário”, diz.

Segundo dados do Panorama de Resíduos Sólidos de 2020 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a geração de resíduos no Brasil cresceu 19% na última década e pode chegar a 120 milhões de toneladas em 2050. O descarte, além de prejudicar o espaço ambientalmente, é maléfico à economia e à saúde pública.

“Educar ambientalmente a população a respeito do descarte irregular é um trabalho árduo, porém, a gente consegue mudar a mente de algumas pessoas”, destaca Kedyna. “A agronomia está ligada diretamente ao tipo de vegetação que se substitui em determinado espaço. Além da operação em certos lugares, quando a gente faz a limpeza, a máquina entra e danifica o solo de certa forma, então o engenheiro agrônomo vem auxiliando com relação ao serviço e ao tipo de material que se possa vir a colocar naquele espaço, para que melhore de certa forma e de maneira eficiente”, define.

Agronomia em Teresina

O segundo bloco do Agronomia Sustentável visitou a primeira cidade planejada do país e a única capital do Nordeste sem praia: Teresina (PI), conhecida pelos parques nacionais e sítios arqueológicos. Por lá, os abundantes rios Poti e Parnaíba não eram suficientes para abastecer os produtores agrícolas locais, mas por um motivo: “Percebíamos que muitas propriedades, talvez por desconhecimento dos proprietários, estavam desmatando e fazendo outras ações que terminavam por matar as nascentes. Como profissional e professor, tive a ideia de trabalhar em um projeto de recuperação ambiental e aumento da vazão dessas nascentes”, conta o geólogo Érico Rodrigues Gomes.

Do outro lado da cidade, o programa foi conhecer a atuação do engenheiro agrimensor Ronildo Brandão, cujo trabalho ajudou a transformar alguns loteamentos da cidade de Teresina. “As pessoas não tinham titulação [de suas casas], não tinham perspectiva alguma. A partir da atuação da equipe da prefeitura, que fez essa regularização, não existe mais nenhuma rua com estrada de chão, todas agora estão pavimentadas, seja com paralelepípedos ou asfalto. Tudo partiu do trabalho do engenheiro agrimensor para ordenar esse espaço territorial”, destaca.

Segundo ele, o trabalho do engenheiro agrimensor é muito amplo, podendo atuar em rodovias, construção de barragens de terra, georreferenciamento, regularização fundiária, além de projetos de loteamento e de saneamento, entre outros.

Conselhos de engenharia

A agrimensura também faz parte do sistema Confea, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, que é representado pelos Conselhos Regionais (Creas). Em relação à agronomia, os números no estado do Piauí são expressivos: 2.407 engenheiros agrônomos ativos no estado. “Até bem pouco tempo, a atividade urbana ocupava o espaço rural e hoje está havendo uma inversão, ou seja, começamos a ver a atividade de agronomia nas cidades, como na produção de mudas, hortaliças. Hoje ligamos campo, cidade e profissões. É fundamental ter essa conexão”, ressalta o presidente do Crea-PI, Ulisses Filho.

O Conselho Regional do Piauí completou 46 anos com motivos para comemorar. Um deles é o programa Jovens Engenheiros, feito para ajudar no preparo de profissionais recém-formados no mercado de trabalho. Fora isso, a entidade também investiu em um simulador online para auxiliar agrônomos na hora de preencher o receituário agronômico.

O projeto Agronomia Sustentável é uma parceria do Canal Rural com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), os Conselhos Regionais (Creas) e Organização das Cooperativas Brasileiras. O programa vai ao ar aos sábados, às 9h, com reprise aos domingos, às 7h30. No próximo episódio, o Agronomia Sustentável vai abordar a ação de profissionais na área de manejo florestal.