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Chuva retorna ao Matopiba de forma irregular; veja a previsão do tempo

Meteorologista da Somar detalha o cenário climático na região e por que, mesmo em ano de La Niña, a chuva não tem sido volumosa

Uma das características básicas do La Niña é provocar chuva no Nordeste e aumentar os riscos de estiagem no Sul. No entanto, existem áreas do Matopiba – região formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – que receberam o último volume significativo de chuva há mais de um mês.

Nas últimas 24 horas, choveu 90 milímetros em Porto Nacional (TO), uma das maiores áreas produtoras de grãos do estado. Também tivemos 75 milímetros de chuva em Balsas (MA). No entanto, a chuva foi “manchada”, segundo o meteorologista da Somar Willians Bini, e não está acontecendo em importantes áreas de grãos da Bahia, por exemplo.

“Existem outros fatores além do oceano Pacífico que definem o clima do Nordeste, não basta apenas termos La Niña, com águas mais frias no Pacífico. O fato de termos o oceano Atlântico Norte mais quente em áreas bem distantes da costa do Nordeste está impedindo que a Zona de Convergência Intertropical desça e traga mais chuva às áreas de grãos do Matopiba”, diz Bini.

Além disso, a formação de bloqueios atmosféricos têm impedido que a chuva alcance a Bahia. Um terceiro fator é a formação do Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), que inibe a formação de chuva no seu centro e espalha instabilidades bem na borda do sistema que está a quilômetros de altura girando no sentido horário.

Bem no centro do VCAN está a Bahia. Em Guanambi, por exemplo, a situação é crítica e os produtores de grãos estão inconformados com um cenário de La Niña junto com a falta de chuva. Choveu apenas 24 milímetros na cidade até agora, sendo que a média é de 173 milímetros e, segundo as projeções, há previsão de menos de 10 milímetros até o fim deste ano. Algumas áreas só voltarão a ter chuva significativa no dia 10 de janeiro.

No ano passado a chuva começou mais tarde, em janeiro, porém ela prosseguiu e conseguiu completar bem o ciclo da safra. “Ano que começa mal até termina bem, no Matopiba, já em anos que começam muito bem, com altos volumes muito cedo no último trimestre do ano, sempre existe o risco das pancadas ficarem irregulares lá na frente, o que está acontecendo agora em 2020”, diz Bini.

Chuva nos próximos dias

Nesta quinta-feira, 24, véspera de Natal, o tempo instável persiste no Maranhão, Piauí e Bahia, ainda com risco para temporais apenas isolados nos três estados. Tempo firme predomina nos demais estados da região.

No feriado de Natal, dia 25, a chuva deve se espalhar pelo Nordeste. Precipitação de forma isolada, mas que deve vir acompanhada de trovoadas, deve ocorrer no Maranhão, Piauí, oeste do Ceará, todo o litoral entre Rio Grande do Norte e Sergipe, além do norte da Bahia. Tempo firme deve predominar desde o oeste até o litoral sul da Bahia, por conta da presença de um sistema de alta pressão atmosférica em médios níveis, que inibe a formação de nuvens mais carregadas. A

estimativa é de menos de 50 milímetros até o fim do ano em áreas do oeste da Bahia e no Piauí, estados que mais preocupam devido à irregularidade da chuva.