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Algodão

Alinhados ao cenário externo, preços do algodão caíram em 2019

Veja como foi o ano da pluma no mercado nacional e nas exportações

algodão da bahia
Foto: Abapa/divulgação

Os preços do algodão em pluma encerram o ano de 2019 com preços 21% inferiores aos que iniciaram. A indicação média no CIF de São Paulo saiu de R$ 3,04 por libra-peso (lb) no primeiro dia útil para R$ 2,67 na última semana antes das festas de final de ano. “No entanto, o caminho traçado pelas cotações ao longo desse período mostra a ocorrência de três períodos distintos”, destaca o analista de Safras & Mercado, Élcio Bento. 

Num primeiro – entre janeiro e o final de maio -, os preços trabalharam com relativa estabilidade, recuando apenas 2%. Entre junho e o início de agosto, a pluma sofreu um forte processo de ajuste e acumulou uma queda de 17%. “No último movimento, a partir do ponto de mínimo, os preços engataram uma trajetória de recuperação gradativa, que até os últimos dias de dezembro acumulava uma alta de 12%”, comenta Bento. 

Esse comportamento protagonizado pelas cotações da pluma ao longo de 2019 pode ser entendido partindo-se de um tripé básico de fatores: produção nacional e sazonalidade; comportamento dos preços internacionais; e comportamento cambial. O ano iniciou com os produtores ainda comercializando a safra colhida em 2018. “Era a maior safra até então, que gerou um superávit de produção em relação ao consumo doméstico de 1,4 milhões de toneladas”, lembra o analista. 

Porém, já beneficiado pelo apetite comprador chinês (devido à guerra comercial travada com os Estados Unidos), a válvula de escape das exportações conseguiu aliviar a pressão de oferta interna, retirando 1,2 milhão de toneladas do país. A moeda norte-americana acumulou alta de 4% neste período, o que atenuou os reflexos da retração de 5% que a pluma acumulou na Bolsa de Nova York (Ice Futures). 

No segundo movimento, entre junho e o início de agosto, o mercado sentiu os efeitos do início de uma temporada em que teria que comercializar uma safra de 2,9 milhões de toneladas, que superava o consumo nacional em 2,2 milhões de toneladas. “Com todo esse algodão para colocar no mercado internacional, era preciso que o produto nacional ganhasse competitividade em relação ao internacional”, pondera. 

Contudo, do início de junho até o final da primeira quinzena de julho, o algodão nacional foi colocado no porto de Santos (SP) por um valor que superava o do contrato de maior liquidez na Ice Futures em 10,5%. “A forte queda verificada foi necessária para corrigir essa disparidade”, explica. Com isso, em apenas um bimestre os preços domésticos recuaram 17%, que mesmo com o  dólar comercial tendo apresentando uma alta de 1% no período, foi repassada na sua integralidade aos preços do algodão brasileiro disponibilizado em Santos (SP) para exportação. A Bolsa de Nova York recuou 15% nesse mesmo período.  

Depois de encontrar um ponto de suporte na segunda semana de agosto, o algodão brasileiro iniciou uma trajetória de recuperação gradual. “Ela foi possível devido ao movimento de recuperação dos preços internacionais, cujos reflexos foram potencializados no Brasil pela desvalorização cambial”, ressalta. 

A alta acumulada na Ice Futures neste período foi de 13%, motivada em grande parte pela expectativa de um retorno das negociações entre EUA e a China, maior exportador e importador global, respectivamente. No câmbio, na última semana de novembro a moeda norte-americana atingiu um patamar recorde em relação à brasileira. Assim, a pluma brasileira se elevou 12% entre agosto e dezembro. A cotação em dólares no FOB Exportação do Porto de Santos se elevou 8% e, em média, ficou 1,43% abaixo da verificada no contrato de maior liquidez na Ice Futures.  

“Em suma, o ano de 2019 foi um ano em que as margens dos produtores encolheram quando comparadas ao biênio anterior”, salienta Bento. Essa queda da rentabilidade na cotonicultura deve-se ao aumento do custo de produção (dólar alto) e à queda verificada no mercado internacional. “Com muito algodão para vender no exterior, os preços nacionais precisam ficar alinhados à paridade de exportação”, completa. 

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