Comprar ou esperar? Custo com fertilizantes e defensivos sobe junto com o dólar

Produtores e representantes das Aprosojas estaduais dizem como está a situação em suas regiões e os cuidados a serem tomados para conseguir um bom negócio na aquisição de insumos

Daniel Popov, de São Paulo
O dólar segue sua escalada e já atingiu o maior patamar dos últimos dois anos. Se por um lado essa alta é boa para vender a safra de soja recém-colhida, ela é ruim para quem pretende comprar os insumos para a próxima temporada. Uma estimativa superficial realizada pelas Aprosojas do Paraná, Goiás e Mato Grosso indica custos até 20% mais elevados neste momento. Mas, diante disso, é melhor comprar os defensivos e fertilizantes agora ou esperar? Veja a opinião das entidades e dos produtores.

É consenso entre os entrevistados que o produtor deve analisar sua condição atual para avaliar se o momento é certo ou errado para comprar os insumos. Para ajudar, eles contam o que deve ser levado em consideração antes de se tomar uma decisão.

Mato Grosso

A primeira dica dada pelo presidente da Aprosoja Mato Grosso, Antônio Galvan, é que o produtor deve avaliar a relação de troca da soja pelo insumo. Ou seja, quantas sacas de soja são necessárias para comprar uma saca de insumo.

“O momento de comprar insumos varia da condição de cada produtor. Hoje, aqui no estado, a relação de troca da soja pelo fertilizante está dentro da normalidade. Ao produtor resta saber se comprará a vista ou a prazo”, comenta Galvan. “Se o agricultor tem produto para vender, ele vai e compra. Se não tiver mais, ai a condição fica mais complicada.”

O produtor rural, Hemerson Rogeri, do município de Nobres (MT), já começou a fazer as cotações para a compra de insumos e, ao que tudo indica, o trabalho não será tão rápido quanto pensou. “Continuamos pesquisando ainda, pois os fungicidas estão mais caros. B em mais caros, aliás. Então, estamos pesquisando para tentar encontrar uma opção melhor, para fechar um pacote mais em conta”, garante.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul a corrida para comprar insumos também começou, segundo o presidente da Aprosoja de Missões (RS), Avelino Bertoldi, o agricultor do estado está aproveitando o bom preço da saca de soja para fazer a troca por insumos. Mas, ele não descarta a possibilidade de, a partir de agora, as empresas mexam na lista de preços e as altere para cima.

”O produtor precisa verificar se relação está boa. Se estiver, vai e compra. Não fique especulando, pois lá na frente pode ser que a situação se complique. Os defensivos por aqui já estão até 15% mais caros, mas o preço da soja também subiu e a relação de troca é positiva”, confirma.

Por sua vez o sojicultor gaúcho, Roni Bedin, garantiu que o preço dos adubos subiu gradativamente nos últimos tempos, e hoje a tonelada está R$ 120 mais cara. Segundo ele os fertilizantes estão 10% mais caros também. “Nós, particularmente, estamos  esperando um pouco. Ano passado, por exemplo, foi mais vantajoso comprar na troca por grãos para o próximo ano, do que vender a soja e pagar a vista. Mas este ano vamos aguardar abrir essa negociação, para depois tomarmos a decisão mais acertada”, diz o agricultor de Ronda Alta (RS).

Goiás

Em Goiás, apesar de os custos estarem pelo menos 20% mais elevados, segundo o presidente da Aprosoja Goiás e Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz, a relação de troca está compensando.

“O momento não está tão ruim, não. Este é a hora de o produtor se preparar, fazer seu planejamento. Se o dólar ajuda o preço ficar melhor no Brasil, ele também afeta a compra de produtos importados. Normal. Mas, notamos que a alta dos custos está maior que a elevação do dólar ou dos preços dos produtos e isso nos preocupa”, afirma Braz. “O ideal é o produtor pesquisar bastante e buscar oportunidades para realizar o melhor negócio possível.”

Paraná

No Paraná, maio já é conhecido entre os produtores como o mês das campanhas e promoções para a compra de insumos, conta o presidente da Aprosoja Paraná, José Sismeiro. Segundo o executivo, as cooperativas fazem campanhas e promoções para atrair compradores.

“O dólar realmente elevou os custos, se comparado ao ano passado, mas é o produtor que deve avaliar se este é momento certo ou não de comprar. Ainda não fechamos as contas para fazer uma estimativa mais acertada, entretanto se fosse para chutar, apostaria em custos 20% maiores”, diz ele.

O produtor, Pablo Schmidt Rosa, de Mangueirinha (PR), disse que em sua região a relação de troca de grãos por insumos estava igual a do ano passado e por isso decidiram fechar as compras logo. “Quem comprou adiantado não teve acréscimo, agora quem deixar pra comprar na época do plantio, com o dólar em alta, pode ter uma surpresa”, conta ele.

São Paulo

Em São Paulo, apesar de a estimativa de valores não ter sido realizada ainda, o presidente da Aprosoja do estado, Gustavo Chavaglia, alerta para uma realidade preocupante. “Não temos como dizer quanto os custos aumentaram neste momento, mas tenho a percepção que os fabricantes e revendas elevam os preços no mesmo passo que a produtividade cresce. Ou seja, definem quanto o produtor deve pagar pelo produto e não quanto custa realmente aquele produto”, afirma.

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