JBS tentará reverter recomendação de restrição de fusão com Bertin

Secretaria de Acompanhamento Econômico quer que Bertin venda unidades de abate ou parte delasO advogado da JBS, Francisco de Assis, disse que tentará reverter a recomendação da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda sobre a criação de uma holding com o frigorífico Bertin, quando o processo chegar ao Conselho Administrativo de Direito Econômico (Cade).

? Recebi as restrições com surpresa ? disse nessa sexta, dia 29, à noite, após tomar conhecimento do documento divulgado algumas horas antes.

A Seae quer que a Bertin, dona das marcas Leco e Vigor, venda unidades de abate ou parte delas na mesma proporção que tinha no mercado no ano da operação, anunciada em setembro de 2009. Estas plantas estão localizadas nos Estados de Goiás e Minas Gerais.

? Nos dois mercados, além de possível, o exercício de poder de mercado foi considerado provável, uma vez que as eventuais entradas de novos concorrentes não parecem ser suficientes e que a operação prejudicou as condições de rivalidade preexistentes ? consideraram os técnicos da secretaria no parecer.

Na prática, conforme o advogado do frigorífico, não há como reduzir a produção nas plantas indicadas pela Seae porque isso seria contraditório com a ideia de sinergia que a fusão representa.

? Na prática, a Bertin teria de se desfazer de uma unidade inteira ? comentou. Assis defendeu ainda que a união das companhias não representa uma grande força no mercado, que é bastante diluído em todo o país.

Pelos cálculos do advogado, o mercado doméstico de abate de animais é de 50 milhões de cabeça por ano, e a nova holding deverá ser responsável por 6 ou 7 milhões deste total.

? Não chega a nem 20% do mercado, que é bastante disperso e conta com muita competição ? considerou.

Para Assis, a maior preocupação da Seae é com a possibilidade de redução do preço pago ao pecuarista, gerada por uma suposta pressão da nova empresa, que teria mais poder de barganha por ser maior.

? Nestes últimos 18 meses, no entanto, o preço do boi apenas subiu ? argumentou, referindo-se ao prazo que a operação ficou sob avaliação do Ministério da Fazenda.

Ele disse que defenderá no plenário do Cade a aprovação integral do negócio.

? Acreditamos que os conselheiros serão convencidos, por meio de justificativas econômicas, de que o negócio não afetará a lei antitruste que existe no país ? afirmou. A avaliação do advogado é de que o Conselho poderá apreciar o processo ainda este ano.

No mês passado, o presidente do órgão antitruste, Fernando Furlan, disse ser possível que o caso demore ainda um ano para ir a julgamento, por se tratar de um processo “complexo”. Para Assis, no entanto, o caso é simples e a única novidade é que o negócio se dá no setor de frigoríficos.