Clima ruim afeta soja, milho e algodão da Bahia

Produtividade da soja ficou 10% abaixo da média históricaO presidente da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Cézar Busato, avaliou que o ano safra 2014/2015 foi um ano de irregular para bom para o setor produtivo do oeste da Bahia, por causa de problemas de estiagem em lavouras de soja e de milho e do excesso de chuvas nas plantações de algodão. 

Fonte: Jecson Schmitt/Arquivo Pessoal

Quanto à soja, cuja colheita já foi encerrada, a produtividade ficou 10% abaixo da média histórica, de 55 sacas por hectare. O rendimento deve ficar entre 49 e 50 sacas por hectare em 2014/15, projetou o presidente da Aiba nos bastidores da 11ª edição da feira agrícola Bahia Farm Show, que começou hoje, dia 2, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado.

– É um número bom e mostra toda a capacidade de produção que a região tem, mesmo enfrentando uma estiagem – ressaltou.

A falta de chuvas e as altas temperaturas em janeiro prejudicaram as lavouras de verão da região. Para o milho, a estiagem causou perdas ainda maiores, em torno de 30%.

– Infelizmente o produtor de milho vai amargar um prejuízo – destacou Busato.

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No caso do algodão, a expectativa da Aiba era superar a média histórica de produtividade da região, mas o clima prejudicou as plantações no mês passado.

– Infelizmente em abril houve excesso de chuvas, o que também não é normal. Choveu mais de 300 mm, quando normalmente chove 150 milímetros. Houve um apodrecimento das maçãs de algodão e uma perda, o que nos leva de volta à produtividade média, na faixa de 270 arrobas por hectare – explicou Busato.

Negócios

A expectativa de manutenção do volume de negócios fechados em relação ao ano passado na Bahia Farm Show se deve tanto a uma safra regular a boa na região em 2014, como à desaceleração da economia brasileira e à perspectiva de taxas de juros mais altas para o agronegócio, avaliou Busato.

– No ano passado, o volume de negócios foi de R$ 1,019 bilhão. Nós tivemos um crescimento muito grande ante 2013, que foi impulsionado por um bom momento da economia e principalmente por juros atrativos que existiam na época – explicou.

– Para este ano, como não tivemos uma safra boa a excelente e diante de uma situação econômica não favorável e de uma taxa de juros que vai ser anunciada amanhã, mas que deve ser maior do que a que estava sendo praticada, entendemos que não vai haver um crescimento. Estamos torcendo para que os números se mantenham próximos do que foi o ano passado em termos de venda – acrescentou.

Busato ressaltou que a feira terá este ano mais de 600 produtos expostos para pequenos, médios e grandes produtores, entre máquinas, equipamentos, insumos, adubos, sementes e defensivos.

– Isso é tecnologia que pode ser adquirida por todos os produtores, que podem levar isso para a sua fazenda, aumentar a produtividade, diminuir o custo de produção e melhorar a rentabilidade – destacou.

Ele acredita que os segmentos de destaque em crescimento este ano serão o de sementes e de produtos biológicos para controle de insetos nas lavouras.

Para o presidente da Aiba, o aperto das margens leva o agricultor do oeste baiano a buscar boas alternativas entre os produtos disponíveis para garantir um resultado satisfatório.

– O agricultor hoje está fazendo um movimento muito grande, mas a rentabilidade dele, o lucro líquido, não está compatível com o tamanho do que o agronegócio gera, por causa dos altos custos de produção. E a gente vai de novo falar em infraestrutura, logística, transporte, essas coisas que nos tiram competitividade – concluiu.