Helicoverpa está presente em 62 municípios do Rio Grande do Sul

Segundo pesquisador, armigera toma conta de 94% das lavouras do EstadoO Rio Grande do Sul entrou em contato com a Helicoverpa armigera em abril de 2013, mas a confirmação da existência da praga nas lavouras gaúchas só ocorreu em novembro do último ano, após inúmeras pesquisas. Segundo recentes estudos, a lagarta está presente em 62 municípios do Estado, sendo 94,1% armigera e somente 5,9% da subespécie zea. As informações foram divulgadas pelo pesquisador e professor da Universidade de Passo Fundo, José Roberto Salvadori, durante o 25° Fórum Nacional da Soja. O ev

– Através dos programas Monitora e Helicoalerta foi comprovada a predominância da espécie armigera. Foi na safra passada (2012/2013) que o agricultor sentiu a necessidade de controle dessa praga. Em meados de novembro, tivemos o pico de infestação da praga nas lavouras gaúchas. O alvo foi a soja, mas também foi constatada a presença em canola e trigo – relata.

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De acordo com o especialista, não é possível estimar as perdas no Estado. No entanto, ele ressalta que foi possível constatar que se trata de uma praga realmente severa, que, no caso da soja, acata tanto as folhas, como as vagens.

Pelo fato de a praga ser relativamente nova no Brasil, para Salvadori, os pesquisadores e produtores ainda estão apreendendo a lidar com a helicoverpa. Conforme o engenheiro agrônomo e consultor Luis Henrique Kasuya, não há solução para o problema, mas através do manejo é possível conviver com a praga.

– Como vivemos em um país tropical, com altas temperaturas, a praga acaba tendo boas condições para se desenvolver. Por isso, é preciso utilizar algumas armas para conviver com ela e é necessário treinar o pessoal no campo, para um manejo bem acompanhado – diz Kasuya.

Salvadori explica que no manejo de inseticidas, o momento adequado é a chave do sucesso da aplicação. Ele também ressalta que primeiro se deve aplicar os reguladores biológicos, para somente depois recorrer aos inseticidas químicos.

– Deve-se aproveitar as aplicações de produtos naturais. Primeiro aplicar os reguladores biológicos, depois os específicos e, somente mais tarde, usar os específicos de amplo espectro – esclarece.

Kasuya também acredita que o uso indiscriminado de inseticidas químicos não é a solução. Para ele, o alto potencial de controle biológico natural deve ser explorado.

– Isso é manejar, é usar os biológicos naturais primeiramente – sejam através de vespinhas,  aracnídeos, etc. As aranhas, por exemplo, realizam um monitoramento muito eficiente – afirma.

No caso de necessária aplicação de inseticidas químicos, segundo Kasuya, o uso deve ser feito logo no início da manhã ou durante a noite, quando as temperaturas estão mais amenas. Ele destaca que o produtor deve aplicar no máximo duas vezes cada produto no ciclo, para evitar a resistência. Ele destaca que quando as lagartas passam de 8 milímetros o controle fica mais difícil.

– Com as altas temperaturas e baixa umidade do ar, a praga fica no interior da planta. Por isso, as aplicações devem ser feitas noturnas ou de manhã,quando as temperaturas são mais amenas. Desta forma, os produtos irão funcionar mais – explica.

A visitação na lavoura é outro ponto chave. São necessárias duas visitas por semana.

– A lagarta passa por seis tamanhos. É melhor controlar quando ela esta pequena.  Foi constatado que nas áreas com controle foram verificadas poucas vagens danificadas. Já nas áreas sem controle, cerca de 30% a 40% das vagens estavam danificadas – declara Salvadori.

Ele também reconheceu a importância das armadilhas e feromônios para captura de mariposas. A presença de mariposas nas lavouras pode ser diagnosticada pelo uso de armadilhas de feromônio sintético, já legalizado para uso e disponível no comércio nacional. O feromônio é uma substância volátil produzida pelos insetos com vistas à atração sexual, que é usado como atraente em armadilhas de captura.

Com a armigera, os custos das lavouras acabaram subindo bastante, por isso a importância de se obter um controle eficiente das lagartas. É necessário conhecer tanto a dinâmica populacional do inseto no tempo e no espaço, bem como entender os principais fatores ambientais ou biológicos que podem interferir facilitando ou dificultando seu desenvolvimento. Outra questão importante a ser considerada é a necessidade da correta identificação da espécie. Kasuya indica que os produtores devem dar prioridade à rotação de culturas.

– A rotação de culturas serve pra rotacionar as pragas nas lavouras, além de melhorar o solo.

Ele também ressalta que no fechamento da cultura é importante zerar a população de pragas.

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