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Agravamento da pandemia limita novas altas no preço do etanol, diz Fitch

A recuperação da demanda por etanol depois do primeiro trimestre dependerá do ritmo da vacinação contra a Covid-19, destaca a agência

A agência de classificação de risco Fitch Ratings revisou suas premissas para a demanda de combustíveis
devido ao agravamento da pandemia e agora prevê que a oferta de etanol hidratado será superior à demanda em 2021, dado o aumento das restrições à mobilidade, o que limitará os preços do combustível e os ganhos das
companhias sucroalcooleiras.

“A demanda total por combustíveis, que inclui etanol hidratado e gasolina, diminuiu 6,5% nos primeiros dois meses de 2021, na comparação com o mesmo período do ano anterior, sendo que a de etanol hidratado se reduziu 9%, após
uma queda de 15% em 2020. A tendência deve se manter em março, devido ao aumento das restrições a mobilidade social.

A recuperação da demanda depois do primeiro trimestre dependerá do ritmo da vacinação e de por quanto tempo as restrições serão mantidas”, disse a Fitch, em nota.

A retração na demanda por combustíveis deve pressionar o fluxo de caixa dos produtores de açúcar e etanol e gerar atrasos nos processos de desalavancagem de alguns emissores do setor.

“A demanda por etanol hidratado no Brasil teria que crescer 10% na safra 2021/2022 para responder à expectativa de queda de 2% da oferta local, para 20,6 bilhões de litros, pois o aumento da produção do etanol de milho
compensará amplamente a esperada redução de 7% na produção do similar de cana-de-açúcar. Uma alta de 10% da demanda é desafiadora no momento, dada a trajetória da pandemia e as restrições a mobilidade social”, avalia a
agência.

A análise também indica que os preços do etanol podem influenciar os do açúcar, pois os produtores podem alternar a produção em virtude do melhor preço.

“O ambiente operacional do setor de açúcar e etanol começou a melhorar no início de 2021 devido à alta das cotações do petróleo e do açúcar. A Fitch revisou suas premissas de preço do Brent para US$ 58 para US$ 45 por
barril em dezembro, e para 2022, para US$ 53, de US$ 50/barril. A revisão reflete uma recuperação mais forte que a esperada da demanda internacional, cortes de oferta pela Opep e forte redução da extração gás de xisto nos
EUA.

Mas, mesmo com o aumento do preço da gasolina nas refinarias em mais de 40% em 2021 pela Petrobras, há um limite de preço para o etanol hidratado, pois ele é um substituto para a gasolina, com oferta e demanda do derivado de cana determinando o quão alinhados os preços das duas commodities serão, finaliza.