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BR do Mar pode reduzir custo de transporte em até 50%, diz CNA

Coordenador de tecnologia da confederação acredita que o projeto de incentivo à cabotagem pode trazer grandes benefícios nos dois primeiros anos após ser aprovado

O projeto de lei 4.119 de 2020, mais conhecido como BR do Mar, pode reduzir os custos de transporte de grãos em até 50%, de acordo com estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O PL, de autoria do governo federal, vem para estimular a cabotagem – transporte de cargas entre os portos brasileiros.

O levantamento da CNA teve como base o transporte de grãos da região Norte e de Mato Grosso (Sorriso e Sinop) até o porto em Fortaleza. “O preço por tonelada seria de aproximadamente R$ 470. Utilizando o transporte rodoviário e navegação fluvial e marítima, cairia 50%. É uma queda significativa, que viabiliza uma maior produção em Mato Grosso e aumenta a rentabilidade do produtor”, afirma Reginaldo Minaré, coordenador de tecnologia da entidade.

Segundo ele, a navegação pelos rios da região Norte é “praticamente uma dádiva da natureza”, já que não requer grande investimento. “É preciso melhorar o volume de barcaças e navios para cabotagem, o que pode começar já no primeiro ano de aprovação do projeto de lei. Depois disso, haverá a mudança de cultura do agricultor, que vai ser acostumar à multimodalidade. No fim do primeiro ano e no segundo ano, já teremos impacto significativo”, diz.

O vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, diz que a cabotagem no Brasil é inviável atualmente por que está na mão de um oligopólio formado por três empresas. “Era para o frete marítimo ser 20% do rodoviário, isso são números globais. Mas, no Brasil, o preço está igual”.

Silveira afirma que a pandemia abriu os olhos do governo federal para a importância de ter uma logística para distribuição de produtos. “O governo e o Congresso não podem ficar a mercê de quem tem monopólio e de quem não quer o desenvolvimento do país”, defende.

A BR do Mar não foi bem recebida pelos caminhoneiros autônomos, que temem ser prejudicados pelas mudanças na logística. Minaré, no entanto, afirma que eles não ficarão sem mercado de trabalho, pois os grãos ainda precisam ser deslocados até o porto. “Vai apenas reduzir a distância das viagens. Mas nos parece um grande benefício para os caminhoneiros ficarem mais perto de casa”, finaliza.