Mercado e Cia

‘Decisão de retirar tarifas de importação de soja, milho e arroz é inevitável’

Segundo o comentarista Benedito Rosa, a questão passa pela garantia dos preços da cesta básica e do abastecimento da cadeia de proteína animal

O Ministério da Agricultura estuda retirar a Tarifa Externa Comum (TEC) cobrada sobre a importação de arroz, milho e soja. Isso facilitaria a entrada desses produtos vindos de países de fora do Mercosul, que já está isento das taxas.

Benedito Rosa, comentarista do Canal Rural, lembra a medida já foi tomada anteriormente, em 2016, com a carência de milho no mercado interno. “A Camex [Câmara de Comércio Exterior] adotou essa decisão e limitou a entrada a 1 milhão de toneladas por um prazo de seis meses”, diz.

Para ele, a medida é inevitável, porque se tratam de produtos produtos muito importantes na cesta básica. “Isso tem sensibilidade de toda natureza, inclusive inflacionária, porque pode provocar pressão no índice de preço de alimentos. Então, o governo e o Ministério da Economia, em particular, precisam estar muito atentos e zelar para que isso não suba muito”, pontua. Além disso, segundo ele, cadeias muito importantes dependem desses insumos, como a de proteína animal.

O comentarista afirma que o governo também quer passar ao mercado um sinal de que há um limite para o aumento de preço. “Até para aqueles cerealistas que estão especulando esses estoques. O Brasil consome 65 milhões de toneladas de milho por ano e produziu cento e poucos milhões. Vai exportar 40 milhões de toneladas e o estoque de passagem deste ano será baixo, então não estamos tão folgados”, afirma.

Segundo Benedito Rosa, o impacto sobre os preços não serão muito grandes. “A maioria das importações de arroz vem do Uruguai e da província de Corrientes da Argentina, onde a tarifa já é zero. O milho vem da Argentina e Paraguai para abastecer principalmente Santa Catarina, que está mais próximo e tem custo menor”, comenta.

Porém, o cenário pode mudar se o dólar baixar, alerta o comentarista. “O preço de paridade de importação começaria a viabilizar importações vindas do Golfo do México, e a logística dos portos de lá para os portos do Nordeste apresentam um custo menor do que levar de Mato Grosso ou do Sul do Brasil para o Nordeste. Se o dólar baixar, poderemos importar 1 milhão de toneladas até a chegada da próxima safra”, diz.