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Governadores de SP e RJ falam até em prisão para quem desobedecer isolamento

Enquanto isso, em Santa Catarina, comércios de rua, hotéis, pousadas e restaurantes já podem atender o público respeitando orientações de saúde

Governadores têm se sentido cada vez mais pressionados. Enquanto alguns setores da sociedade fazem campanha para retomada das atividades econômicas – paralisadas por conta da pandemia -, outros insistem que gestores não cedam sobre o isolamento, como forma de combate à disseminação do novo coronavírus.

Nesse cenário, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, decidiu seguir com o plano de flexibilização. Na última semana, profissionais autônomos do estado puderam retornar ao trabalho com atendimento ao público e, a partir desta segunda-feira, 13, comércios de rua, hotéis, pousadas e restaurantes poderão fazer o mesmo. O decreto publicado neste domingo, 12, especifica que devem ser tomados cuidados com a saúde como uso de máscaras por vendedores, a venda de alimentos apenas no balcão e a limitação de reservas em 50% da capacidade de ocupação dor serviços de hospedagem.

Outros estados também permitem uma retomada gradual de trabalhos. No Tocantis, o leilão de gado presencial voltou a ser realizado. Mas comidas e bebidas não podem ser servidas nos eventos e o número de participantes deve ser limitado para evitar aglomerações. O governador Mauro Carlesse diz que não há previsão de quando novas medidas de flexibilização serão tomadas, já que os casos de Covid-19 têm crescido no estado.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, prepara-se para anunciar a retomada de algumas atividades econômicas. Na última quinta-feira, 9, o gestor se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Preocupado com a situação financeira do estado, Zema pediu que as operações com nióbio sejam retomadas.

Em Goiás, as medidas de isolamento vencerão no próximo domingo, 19. O governador Ronaldo Caiado já indicou que pode divulgar medidas de flexibilização a serem iniciadas após essa data. Atualmente, 66% do estado está isolado. No último dia 3, o governo do estado autorizou, por meio de um decreto, a realização de feiras livres para comércios de alimentos e bebidas.

Ameaças

Por outro lado, governadores de São Paulo e Rio de Janeiro – os dois mais atingidos pela Covid-19 no país – ameaçam tomar medidas drásticas para evitar a livre circulação de pessoas. João Doria e Wilson Witzel manifestaram publicamente o interesse de emitir multas, e até mesmo prender, cidadãos que estejam furando o isolamento social. Até esta segunda-feira, 13, São Paulo possui 8.895 casos confirmados da doença, com 608 óbitos, e Rio de Janeiro possui 3231 casos confirmados, com 188 óbitos

Em São Paulo, a quarentena está prevista para se manter até o dia 22 de abril, mas, aos poucos, as pessoas têm deixado de aderir ao isolamento. Doria garantiu que se a taxa de isolamento não aumentar no estado, para mais de 60%, a polícia deve ser usada para obrigar as pessoas a permanecerem em casa.

Com a mesma postura, Witzel articula com deputados federais do estado e outros governadores o que pode ser feito em relação à legislação, para permitir sanções e restrições mais duras às pessoas. Na Constituição Federal, o direito de ir e vir dos cidadãos impede que gestores proíbam o deslocamento da população.

Manutenção do isolamento

Nesta segunda-feira, 13, começa a valer a recomendação feita pelo Ministério da Saúde para que algumas cidades e estados realizem a transição do isolamento social ampliado para o seletivo. Em Boletim Epidemiológico divulgado no dia 6, a pasta definiu que municípios e estados que não ultrapassaram o percentual de 50% de ocupação dos serviços de saúde, após a pandemia de coronavírus, poderiam iniciar o processo de deixar em isolamento apenas os grupos de risco.

Mesmo assim, muitos estados que se enquadram nesses critérios não tem se mostrado abertos à mudança. No Paraná, o isolamento social, que foi instituído sem data para ser interrompido, deve permanecer como está. No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite afirmou, em entrevista, que analisará os dados de disseminação da doença, mas até o dia 15 comércios e serviços não-essenciais seguem paralisados.