Mercado e Cia

Leite: volume importado em outubro deve ser o maior dos últimos 13 anos

Segundo a Milkpoint, importações e outros fatores tendem a reduzir os preços pagos ao produtor nos próximos meses

O Brasil deve importar em outubro o maior volume de leite dos últimos 13 anos. De acordo com o sócio-diretor da Milkpoint, Valter Galan, afirma que as importações diárias neste mês estão crescendo 5% em relação a setembro, quando as internalizações já tinham sido as maiores desde setembro de 2016.

Galan explica que as importações de leite em outubro foram contratadas com um ou dois meses de defasagem. “O dólar de hoje influencia a importação daqui para frente, e a tendência é para queda dessas internalizações. Em julho, tivemos um preço no mercado interno bastante alto que, apesar do dólar, estimulou a competitividade dos produtos importados”, diz.

O sócio-diretor da Milkpoint afirma que as importações e o recuo do leite UHT e da mussarela afetaram o mercado de leite spot. “Tende, infelizmente, impactar o preço pago o produtor a partir do pagamento de novembro”.

A redução do auxílio emergencial e os preços altos na ponta do consumidor tendem a reduzir o consumo de lácteos, o que também deve pesar sobre os preços da matéria-prima, alerta Galan. “Também existe a perspectiva da entrada da safra de Minas Gerais e Goiás, aumentando o volume disponível até o fim do ano. Tudo isso faz com que o mercado aponte para uma redução de preço”, afirma.

A estimativa é de que o produtor receba cerca de R$ 2 por litro em novembro referente ao leite captado em outubro, segundo o analista. Para a virada do ano, as cotações podem recuar um pouco mais. “É difícil prever muito para frente, mas a gente pode ter sim um recuo um pouco maior”.

Para complicar ainda mais a situação do pecuarista, os insumos (farelo de soja e milho) estão bastante valorizados e o dólar mais alto desestimula a importação desses produtos. “O produtor tem uma situação bem desafiadora daqui para frente em termos de custo e gestão”, declara.

Galan diz que na tentativa de driblar os custos mais altos, produtores têm buscado substitutos, principalmente o farelo. “Existe no mercado um subproduto do etanol de milho chamado DDG que tem sido competitivo na substituição do farelo. O produtor precisa também olhar para dentro da sua fazenda e gerenciar pontos que podem ser atacados, por exemplo, vacas com problemas reprodutivos e vacas que produzem menos. É o momento de ajustar esses pontos e melhorar a gestão para enfrentar este momento mais difícil”, frisa.