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Incêndios no Pantanal destroem propriedades e dão prejuízo a pecuaristas

Diretora-executiva da Acrimat afirma que a presença da atividade extensiva no bioma é pequena e que os produtores não são culpados pela tragédia

A estiagem severa em Mato Grosso neste ano fez o número de incêndios no Pantanal mais do que triplicar. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a alta é de aproximadamente 210% em relação ao mesmo período do ano passado. A estimativa é de que 20% do bioma já tenha sido devorado pelas chamas.

Segundo a diretora-executiva da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Daniella Bueno, há relatos de propriedades que tiveram 100% das pastagens destruídas, além de perdas de estruturas (currais e cercas), animais e pessoas. “Ainda não levantamos em valores reais o tamanho do prejuízo, mas as proporções são gigantescas. Nunca se viu, na história do Pantanal, incêndios nessas proporções”, afirma.

No momento de crise, alguns tentam culpar a pecuária mato-grossense por desmatamentos e incêndios. Porém, Daniella afirma que a pecuária está presente no bioma há mais de 300 anos, em total simbiose. “O Pantanal é o bioma mais preservado do país. Dados do Ministério do Meio Ambiente mostram que 83,6% é totalmente preservado”, diz.

Segundo a diretora da Acrimat, na década de 1940, cerca de 80% do rebanho bovino do estado estava no bioma, mas isso não é realidade atual. “Houve um total êxodo, até porque a pecuária no Pantanal ainda é muito rudimentar, temos índices zootécnicos ainda muito abaixo. É um berço dos bezerros. Praticamente não tem pecuária extensiva, de engorda, apenas de cria. Temos apenas 400 mil cabeças no Pantanal”, diz.

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Foto: Acrimat

Daniella afirma que existe uma pressão internacional pelo desmatamento zero, o que não existe no Código Florestal brasileiro, que permite o desmate dentro de proporções específicas de acordo com o bioma. “O que defendemos é o cumprimento do Código Florestal. Se temos áreas que podemos abrir, que elas sejam abertas se tivermos necessidade”, afirma.

“Mas o que temos visto é aumento de produtividade: entre 2009 e 2019, diminuímos a área em 1 milhão de hectares e passamos de 27 milhões para 30 milhões de cabeças. Estamos aumentando o rebanho sem a necessidade de abrir áreas, mostrando o que há de melhor na pecuária: a produtividade”, finaliza.