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La Niña: safras de soja e milho do Sul devem registrar perdas de 3,5 mi de toneladas

De acordo com o diretor da Pátria Agronegócios, problemas climáticos devem impactar o mercado das culturas de forma mais intensa nesta temporada; entenda!

Com o La Niña aumentando o risco de seca para o Sul do Brasil, algumas consultorias já reduziram as estimativas de produção para a safra de soja e milho verão na região. De acordo com Mateus Pereira, diretor da Pátria Agronegócios, as previsões para a safra 2020/2021 trazem problemas climáticos mais graves aos produtores do que as últimas duas temporadas.

Segundo a consultoria, as estimativas anteriores totalizavam 129 milhões de toneladas para a safra 2020/2021 de soja. “Com a nossa previsão de um clima extremamente prejudicial para a safra do Sul do país, esse número cai para 127 milhões, resultando em uma quebra de 2 milhões de toneladas”, comenta o diretor.

Para o milho, com previsão anterior de 12 milhões de toneladas para a safra, os prejuízos são ainda maiores já que um terço da produção do verão, cerca de 4 milhões de toneladas, são produzidas no Sul do país. “Com a confirmação dessas adversidades climáticas, prevemos uma quebra de 1,5 milhões de toneladas, resultando em uma produção total em torno de 10,5 milhões de toneladas. Esses cortes podem ser ainda maiores”, alerta Pereira.

Estes problemas também devem impactar o mercado, haja visto que mais de 55% da safra 2020/2021 já foi comercializada no mercado futuro, mais que o dobro da média de comercialização dos últimos cinco anos. Segundo o diretor da Pátria Agronegócios, com o cenário conturbado para o clima brasileiro, o único viés que pode ser observado com clareza é uma tendência de alta para os preços.

“Isso acontece porque o produtor avançou mais com as vendas futuras e isso deixa a oferta disponível ainda mais restrita. Em anos anteriores, qualquer problema climático resultaria em melhores preços. Para a temporada atual, como grande parte da safra já foi vendida, o lado comprador, que ainda não fez compras de necessidade, seja para exportação ou consumo interno, quando vê que a oferta comercializada já está reduzida e ainda surgem problemas climáticos, os prêmios adicionados para a parte compradora acabam sendo ainda mais agressivos. Com isso, a reação aos problemas climáticos será ainda mais intensa do que em anos anteriores”, finaliza Pereira.