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Pandemia puxa consumo de alimentos e preços sobem 30% em 2020

Um dos campeões foi o óleo de soja, que aumentou 103,79%, seguido do arroz com alta de 76,01%

A retração na economia brasileira em 2020 deve fechar entre 4% e 7% por causa da pandemia da Covid-19. O tombo só não será maior por conta do auxilio emergencial que estimulou o consumo, principalmente de alimentos. Por outro lado, a alta demanda de alimentos despertou a inflação. Só em 2020, o preço das commodities subiu 30% nas bolsas pelo mundo.

Um dos campeões foi o óleo de soja, que aumentou 103,79%, seguido do arroz, com 76,01%. Outros itens importantes na cesta básica também tiveram altas expressivas, como o leite longa vida, frutas, carnes, batata-inglesa e tomate.

O setor de alimentos e bebidas cresceu 14% e ajudou o agronegócio a seguir na contramão da crise provocada pela Covid-19. A expectativa é que o PIB do setor em 2020 tenha chegado a R$ 1,7 trilhão, cerca de 9% a mais em comparação a 2019.

Alta dos alimentos

“Os números do The Economist desta semana mostram que as commodities não petróleo aumentaram 30% no ano passado. A isso você adiciona a alta do dólar, você consegue entender porque o agro foi tão bem e os preços foram repassados ao consumidor”, diz o economista Roberto Troster.

Já Felipe Serigati, economista da FGV-Agro, afirma que o índice de commodities agrícolas no banco mundial está operando no seu maior nível desde julho de 2014.

A elevação dos preços dos alimentos não afeta apenas o bolso do consumidor, mas impacta também a economia. A inflação, por exemplo, fechou 2020 com alta de 4,52%, maior valor desde 2016.

Para os economistas, o despertar da inflação não aconteceu apenas pelo aumento do consumo de alimentos, mas também pelo crescimento das exportações e a pressão do câmbio.

“A inflação de alimentos costuma ser temporária, transitória. Ou seja, você vai ter por uma quebra de safra, um choque cambial, o preço aumenta mas aí no ciclo seguinte , uma nova safra, acomoda o câmbio esses preços voltam a sua trajetória de equilíbrio. Isso é o que deve acontecer, com um pouco mais de demora”, afirma Serigati.

A continuidade do auxílio emergencial neste momento, embora menor e para menos brasileiros, deve ser determinante para recuperação da economia brasileira.

“Não é possível num país que tem ambição de ser o celeiro do mundo, ter gente passando fome. Hoje você passa na porta do supermercado, as pessoas não pedem dinheiro, pedem alimento. É algo muito triste que o Brasil não precisava viver nesse momento”, enfatiza Roberto Troster.