Mercado e Cia

Preços da soja e do milho não devem ceder em 2021 mesmo com safra recorde

Analista afirma que a demanda por grãos seguirá bastante aquecida em 2021, mantendo o poder de compra do agricultor em alta

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aposta em produção de grãos recorde na safra 2020/2021. Apesar disso, de acordo com o consultor da Terra Agronegócio Ênio Fernandes, os preços da soja e do milho devem continuar firmes em 2021, pois a demanda está bastante forte.

“Para a soja, por exemplo, a Conab fala em produção de 133 milhões de toneladas e exportação de 85 milhões de toneladas. Sobraria 48 milhões de toneladas. E em todas as projeções que a Conab tem feito, ela tem errado, subestimado. Exportamos sempre mais”, diz.

No caso do milho, Fernandes diz que a expectativa é de estoques de passagem, no final de janeiro do ano que vem, em 9,5 milhões de toneladas, sendo que o país consome 6 milhões de toneladas por mês. “Vai acabar em meados de março. Não teremos nem semeado a segunda safra”, completa.

Além disso, como lembrar o analista, metade da produção de milho da safra de verão está no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais. “Se tivermos problemas na safra de verão, podemos ter redução nesta safra, além de atrasos na segunda safra também”, alerta.

O que fazer?

Para quem compra milho, o analista recomenda antecipar os negócios para proteger-se de altas futuras, travando os custos de produção. Ele lembra que, no ano que vem, a mistura de biodiesel retorna para 13%, o que deve aumentar a demanda por soja.

Já do lado do produtor, não há fórmula pronta. Depende muito da situação do produtor. “Se ele está no Centro-Oeste e já vendeu uma parte, pode ficar tranquilo. Se ele tem segurança de produção e não vendeu nada, é saudável travar preços. Já um produtor do Rio Grande do Sul que nem plantou e pode ter estiagem em fevereiro deve ter cautela”, exemplifica.

O que Fernandes garante é que o poder de compra do produtor de soja e milho seguirá firme em 2021. “Os preços em real dependem muito da variação do câmbio, e não sabemos como ficará. Mas teremos uma boa exportação e demanda interna que enxugará a oferta de soja no fim do ano. Mesma coisa para o milho! Chegaremos em janeiro de 2022 com menor volume do que neste ano”, diz.