Mercado e Cia

Vendas antecipadas de milho podem manter preços elevados até o 2º semestre de 2021, diz Cogo

Segundo análise do consultor, somente o recuo do câmbio pode trazer alívio para os preços no mercado interno a partir do ano que vem 

As vendas antecipadas de milho no mercado estão em um patamar inédito. Segundo a Cogo – Inteligência em Agronegócio, esse cenário pode impedir uma pressão baixista durante a colheita do milho segunda safra e os preços não devem retroceder neste ano.

“Veremos uma sustentação dos preços ao longo do primeiro semestre do próximo ano, pois a primeira safra de verão já está com o calendário atrasado e ainda temos o La Niña ameaçando a produtividade no Sul do Brasil. Além disso, a safra não atende a demanda do país que já está com estoques de passagem muito baixos e qualquer movimento na janela do plantio somando as vendas antecipadas elevadas, não darão espaço para valores mais baixos aos compradores nesse momento”, avalia Carlos Cogo consultor da Cogo Inteligência em Agronegócio.

De acordo com o especialista, não existem projeções a curto prazo para um recuo nas cotações. Com os contratos futuros com vencimento para 2021 acima de US$ 4 por bushel, o câmbio pode ser um fator de algum impacto nos preços para o próximo ano.  “Se o dólar retroceder a um nível abaixo de R$ 5 pode ser que haja espaço para quedas, sem isso não há outro caminho”, destaca.

Importações da China podem crescer

A entrada dos chineses como compradores mundiais de milho é um fator que pode mexer com o mercado brasileiro de grão, segundo Carlos Cogo. Com um déficit no grão chegando a 20 milhões de toneladas, as importações chinesas que no passado totalizavam 2 milhões de toneladas pode chegar a marca de 7 milhões.

“O comportamento da China nas compras de milho é o mesmo observado nas aquisições de soja observados nos anos 2000, certamente ela será um grande importador mundial”, ressalta o consultor.

Com a demanda chinesa cada vez maior, o milho pode ganhar um protagonismo inédito na produção agrícola mundial. “Com essa demanda cada vez mais crescente, em cinco anos a produção brasileira de milho vai ultrapassar a de soja. Temos observado ganhos significativos na 2ª safra, e ainda uma rotatividade média crescendo bastante” afirma Carlos Cogo.