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Acusações de Moro contra Bolsonaro são graves, diz Miguel Daoud

O agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública afirmou que o presidente interfere nos trabalhos da Polícia Federal ao trocar diretor-geral

Sergio Moro pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta sexta-feira, 24. Durante a coletiva para anunciar a decisão, ele afirmou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, estaria interferindo no trabalho da Polícia Federal ao forçar a substituição do diretor-geral do órgão. Segundo Moro, ele teria dito a Bolsonaro “isso é uma interferência política” e teria ouvido “é mesmo” do presidente.

O comentarista Miguel Daoud afirma que a saída de Moro é preocupante não pelo ato, mas pelo que foi dito. “Moro disse que Bolsonaro quer alguém para quem possa ligar e quer ligar também para delegados regionais, isso é uma interferência que não deve se fazer”, diz.

O ex-ministro também declarou que o movimento de Bolsonaro deixava claro que não o queria no cargo. Daoud questiona quais as intenções do presidente da República com isso. “Estava com o presidente [Bolsonaro] o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que tem um secretário [de Segurança Pública] chamado Anderson Torres e teria dito que o Anderson é cem vezes melhor que o Sergio Moro”, afirma.

O comentarista também questiona a intenção do governo ao se alinhar ao Centrão no Congresso. “Sabemos quem é o Centrão: Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto [ambos condenados no mensalão], investigados pela PF. Mas acredito que o presidente não o fez [trocou o diretor do órgão] por isso”, diz.

Segundo Daoud, o mercado financeiro já especula que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é o próximo a deixar o governo. “Dólar vai continuar subindo, bolsa continuar caindo, porque estamos perdendo a chance de investimentos no Brasil”, pontua.