Opinião

Alexandre Garcia: Quando o MST atacava em Brasília, não havia essa reação

O comentarista analisou a prisão de Fabrício Queiroz, a qual, segundo ele, poderia ser parte de uma ação coordenada para enfraquecer o governo Bolsonaro

Fabrício Queiroz, ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso no início da manhã desta quinta-feira, 18, em Atibaia, interior de São Paulo.  A ação faz parte da Operação Anjo, que cumpre ainda outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça, relacionadas ao inquérito que investiga a chamada “rachadinha”, em que servidores da Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) devolveriam parte dos seus vencimentos ao então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

Queiroz era lotado no gabinete do parlamentar à época em que Flávio era deputado estadual. O nome de Fabrício Queiroz consta em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que aponta uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta em nome do ex-assessor.

Segundo o comentarista Alexandre Garcia, a operação pode fazer parte de uma coordenação de medidas para enfraquecer o governo de Jair Bolsonaro e mostra como há tratamentos diferentes dados atualmente aos aliados do governo. Confira a análise:

“A gente imagina que há uma certa de coordenação de medidas nessa área para enfraquecer o governo. São dois pesos e duas medidas em quase tudo que a gente vê aí.

No tempo em que MST ateava fogo no Ministério da Agricultura, quebrava o Congresso Nacional e Itamaraty, a gente não viu acontecer isso. Agora mesmo, pessoas quebraram bancos em São Paulo, atearam fogo na bandeira (do Brasil) em curitiba, entraram armadas em manifestações, mas são chamadas de democratas.

Os outros que mostram faixas para fechamento de Congresso e Supremo, que jamais vão conseguir, que é talvez um desabafo e uma crítica, são tratados de maneira diferente.

Estou vendo aqui uma lista dos deputados estaduais do rio de janeiro. O Flávio [Bolsonaro] é apontado como ator de movimentações suspeitas pelo COAF [Conselho de Controle de Atividades Financeiras]  de R$ 1,2 milhões. Ele é o 19° em valor, o primeiro está lá com R$ 478 milhões, a segunda R$ 81 milhões, o terceiro R$ 50 milhões, mas foram atrás do Queiroz, tudo bem, deve pagar. Há ordem de prisão para a mulher dele e também está havendo busca e apreensão na secretária do gabinete do senador Flávio Bolsonaro, porque ela também trabalhava na assembleia legislativa.

A possibilidade de se colocar na frente do Queiroz uma delação premiada já prontinha, dizendo: ‘assina aqui que a gente solta a sua mulher’. A gente fica com o pé atrás em uma operação dessas que surgiu mais ou menos junto com outras operações semelhantes, tendo o mesmo objetivo”.