ANÁLISE

Cúpula do Mercosul discute acordo com a União Europeia e agronegócio brasileiro

Ao Mercado & Companhia, o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Ingo Ploger, comentou as discussões sobre o acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia

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A Cúpula do Mercosul, que reuniu os presidentes da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, trouxe destaque para as discussões sobre o acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia. Esse tema tem um impacto direto no agronegócio brasileiro. Para entender melhor essa situação, o Mercado & Companhia conversou com o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Ingo Ploger.

Ploger ressaltou que, na visão do representante uruguaio, os termos do acordo não correspondem aos desafios atuais. Ele destaca que as circunstâncias mudaram nos últimos anos, com eventos como a pandemia e a guerra na Ucrânia, alterando a geopolítica mundial.

No entanto, o acordo entre Mercosul e União Europeia está sendo negociado há mais de 23 anos e, mesmo não sendo ideal, é melhor do que não ter nada. Ingo acredita que é possível mudar o acordo para atender às demandas dos países do Mercosul e da União Europeia, levando em consideração as ressalvas e preocupações de ambos os lados.

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Questionado sobre a posição ideal do Brasil, Ingo destaca que o país está se posicionando corretamente. Ele menciona o adendo sobre questões ambientais inserido pela União Europeia no acordo e a legislação do Green Deal internacionalizando os critérios e princípios europeus. Nesse contexto, o Brasil está questionando de forma técnica se a colocação da União Europeia corresponde às medidas adotadas pelo Brasil e pelo Mercosul, como o Código Florestal.

Quanto à responsabilidade ambiental, Ingo afirma que todos desejam um planeta sustentável, com a redução dos gases de efeito estufa, mas a União Europeia está impondo critérios que podem ser difíceis de serem aceitos por países localizados em climas subtropicais e tropicais, como o Brasil. Ele destaca a importância da reciprocidade nas negociações e a necessidade de considerar a matriz energética brasileira, que é mais sustentável do que a da Europa.

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Em relação à oposição do Uruguai, Ingo ressalta que há dois temas sensíveis. Primeiro, o Green New Deal não menciona a abertura do mercado agrícola até 2050, o que precisa ser esclarecido pela União Europeia. A questão é se os mercados serão gradualmente abertos ou permanecerão congelados após a desgravação de 10 anos. Segundo, a posição do Uruguai em relação à China, solicitando uma negociação diferenciada devido às políticas industriais e subsídios chineses.

A Cúpula do Mercosul mostrou que as negociações do acordo com a União Europeia continuam sendo um ponto de debate importante para o agronegócio brasileiro, com desafios e expectativas em relação aos termos do acordo.

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