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Daoud: Saída de Guedes do governo não deve ser descartada

O comentarista do Canal Rural falou sobre a saída dos secretários Salim Mattar e Paulo Uebel, motivada pela dificuldade na aprovação de reformas no Brasil

Em comunicado oficial, o Ministério da Economia informou que os secretários especiais de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, solicitaram exoneração ao ministro Paulo Guedes, nesta terça-feira, 11.

Após reunião com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o ministro da Economia confirmou a informação e disse que o motivo da saída dos secretários é a lentidão no andamento das reformas. “Em nome da transparência, Salim disse que a privatização não está andando e preferia sair. Uebel preferiu sair por conta da demora para aprovação da reforma tributária. São essas as verdades. Quem dita o tempo dessas mudanças é a política. Se o presidente da Câmara quiser pautar algo, isso acontece. Se o presidente da República quiser enviar uma reforma, ela é enviada. Não são os ministros e os secretários que mandam, e se as coisas não estiverem acontecendo, eles podem insistir ou desistir”, disse Paulo Guedes.

Miguel Daoud, comentarista do Canal Rural, acredita que, diante deste cenário conturbado, até a substituição de Paulo Guedes seja possível. “Quem dá o tom da política é o governo, que precisa apresentar um projeto para o país e convocar setores da sociedade para se unirem em torno desta mudança. Concordo com o que disse o ministro, as reformas não andam. São sete membros do Ministério da Economia que já deixaram o governo. Pessoas que assumiram uma missão patriótica para ajudar o país, mas que, após dois anos, deixam a pasta por não conseguirem aprovar suas medidas”, afirma.

De acordo com o comentarista, Guedes tem pressionado Bolsonaro para aprovação das medidas, algo que não costuma acabar bem para os subordinados do presidente, com ministros sendo desligados após discordâncias.

“Dentro do governo, há dois ministros que são muito influentes: Braga Netto e Rogério Marinho, que possuem uma visão keynesiana, ou seja, acreditam que o governo deve gastar para a economia crescer. Já o ministro Paulo Guedes, que é liberal,  acredita que a melhor medida para o momento seja a contenção de gastos. São diferenças que travam qualquer mudança”, afirma Daoud.