Dólar fecha no maior patamar desde 2003

Perspectiva de déficit primário em 2016 derruba valor do real ante a divisa dos Estados Unidos 

Fonte: Marcelo Dal Pozo/Reuters

O dólar comercial encerrou o pregão desta segunda, dia 31, no maior patamar desde 2003, diante da estimativa do governo de que o país registrará um déficit primário de R$ 30,5 bilhões em 2016, levando os investidores a temerem que a previsão levará o Brasil a perder o grau de investimento das agências de classificação de riscos.

A moeda norte-americana encerrou com alta de 1,16%, cotada a R$ 3,6260 para compra e R$ 3,6271 para venda. A última vez em que o dólar fechou neste patamar foi em fevereiro de 2003, quando atingiu R$ 3,662. Com isso, ela encerrou agosto com valorização de 5,91%, seguindo a alta de 10,16% de julho.

O governo entregou hoje ao Congresso a proposta de Lei Orçamentária Anual para 2016. A expectativa é de que o país apresente um déficit primário de R$ 30,5 bilhões, o equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff estima ainda que a economia crescerá 0,2% no próximo ano e que a inflação feche em 5,4%.

Este cenário, na interpretação do mercado financeiro, pode levar as agências a rebaixarem o rating – nota que sinaliza a capacidade de um país honrar seus compromissos financeiros – do Brasil, forçando o governo a pagar mais juros para contrair empréstimos.

– Essa movimentação em todos os mercados domésticos é em função da divulgação do orçamento com déficit. Com isso, as agências de rating já têm conteúdo suficiente para rebaixar o Brasil agora. Não adianta [o Banco Central] fazer rolagem de linha [de swaps cambiais, operação que serve para impedir a disparada do dólar], que nada vai mudar essa tendência do dólar – afirma o chefe de renda fixa da Leme Investimentos, Paulo Petrassi.

Outro fator que pesou foi a queda das bolsas de valores da China, depois de dois dias de alta, reascendendo as preocupações internacionais com a economia do país.