Mercado e Cia

Governo prevê aumento de protecionismo no mercado internacional

Documento feito em parceria com adidos agrícolas do Ministério da Agricultura aponta tendência dos países em criar tarifas e barreiras a fim de garantir autossuficiência alimentar e incentivo à economia local

Documento editado pelo Ministério da Agricultura indica que muitos países caminham rumo à adoção de posturas protecionistas por conta da pandemia do novo coronavírus. Segundo o material, baseados em uma ideia de soberania alimentar e incentivo à economia local, essas nações tendem a fechar canais de comércio internacional por meio de barreiras e/ou tarifas. Além do protecionismo, estão previstos maior rigor técnico e sanitário dos alimento, mudanças nos hábitos de consumo graças ao empobrecimento da população e oportunidades para o Brasil estabelecer novos parceiros comerciais.

Na última semana, a ministra Tereza Cristina realizou videoconferência com os 23 adidos agrícolas brasileiros que estão em missão junto a representações diplomáticas no exterior. A chefe da pasta da Agricultura solicitou informações sobre cenários comerciais atuais e perspectivas de mudanças provocadas pela covid-19. As contribuições coletadas formaram o documento de aproximadamente 50 páginas.

Segundo os adidos, de forma a viabilizar o protecionismo, é provável que algumas economias adotem o emprego de subsídios em “níveis desproporcionalmente elevados”. Mas também há o entendimento de que as políticas protecionistas podem sofrer oscilações em caso de temor de desabastecimento. “Inclusive com a facilitação dos procedimentos para habilitação de exportadores; e retorno a graus elevados de proteção e subsídios quando conveniente, como forma de estimular as agroindústrias domésticas”, traz o documento.

Essa retração nas trocas comerciais ainda é amparada pela Organização Mundial de Comércio (OMC). O órgão já estimou uma queda nas compras e vendas de 13% até o final de 2020. Diante desses dados, o texto ainda aponta que, para manter mercados novos e antigos, o Brasil deverá se posicionar como um parceiro confiável e que prioriza relações de longo prazo. Os adidos sugerem que o país avance em certificações eletrônicas e trâmites aduaneiros para facilitar as relações de comércio.

O documento também analisa que as recessões econômicas devem provocar o empobrecimento da média global da população, “prejudicando segmentos premium e beneficiando produtos baratos e de qualidade”. Mesmo assim, pela pandemia ter reforçado a ideia de que a alimentação é sinônimo de saúde, a procura por produtos saudáveis deve crescer. O que significa uma forte chance dos rigores técnicos, sanitários e fitossanitários serem ampliados ainda durante a pandemia. O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Orlando Leite Ribeiro, afirma que a pasta trabalha para garantir que esses requisitos se mantenham estáveis.

Com essas previsões de surgimento de novos empecilhos no comércio internacional, os adidos acreditam que nesse momento é necessário que o Brasil se posicione junto aos parceiros comerciais, “inclusive com a promoção da imagem do agronegócio brasileiro junto às sociedades de cada país”. Para eles, em meio à crise, o país tem a chance de mudar as percepções negativas sobre a cadeia produtiva do agro brasileiro.

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