Mercado e Cia

Problemas do agro não têm chegado a Paulo Guedes, diz analista

De acordo com Richard Back, o ministro está focado neste momento em fazer as medidas de socorro chegarem a empresários e trabalhadores

Richard Back, analista político da XP Investimentos, participou de uma transmissão ao vivo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, neste fim de semana. Segundo o especialista, Guedes não tem conhecimento das crises enfrentadas pelo setor. “Ele disse que o agro não está tendo problema, que as notícias que chegam são de que o setor está voando”, comenta.

Para o analista, entidades representativas devem procurar Guedes novamente para explicar as situações regionais especificamente, como a do Rio Grande do Sul, onde agricultores e pecuaristas vivem um duro momento por conta da estiagem prolongada.

De acordo com Back, a rotina do ministro tem sido bastante dura devido ao gerenciamento da crise causada pelo coronavírus. “Muitos anúncios feitos em Brasília não têm chegado aos empresários, às pessoas mais pobres e aos trabalhadores formais e informais. A tendência é que isso avance ao longo do tempo e ele consiga prestar atenção em outras coisas que não estão no radar dele agora”, afirma.

Funrural

Questionado sobre o passivo do Funrural, Paulo Guedes teria respondido que o assunto não será tratado agora, ficando para ser discutido no âmbito da reforma tributária. “Pode ser negociado o pagamento de algum percentual e acontecer uma mudança na política de impostos do setor. Ele foi até duro quando falou que ‘todo o Brasil não pode pagar por algo setorial’”.

Combate ao coronavírus

A organização do governo para controlar o avanço do coronavírus no Brasil está atrasada em relação a países que conseguiram dar uma resposta rápida ao surto, defende Back. “Você vê o ministro da Saúde [Luiz Henrique Mandetta], encarregado técnico, dizendo uma coisa e o presidente [Jair Bolsonaro] visitando o comércio. Há certo nível de descoordenação”, frisa.

O analista afirma ainda que há divergências entre ações federais, estaduais e municipais, com muitos políticos aproveitando para “capitalizar” em cima disso. “Mas, quando passar, será muito difícil a população perdoar quem fez mais político do que salvou vidas e a economia”, diz.