COP26

Na COP26, Brasil mostra que é parte da solução nas questões ambientais globais

Ao longo de duas semanas, o espaço do Brasil na conferência das Nações Unidas realizou mais de cem painéis com transmissão ao vivo para o mundo com autoridades e lideranças de diferentes setores

Em coletiva de imprensa no estande do governo federal na COP26, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, falou nesta sexta-feira (12) sobre os avanços do Brasil para conter as mudanças climáticas. Ele destacou o papel do país como articulador, buscando consenso multilateral, e indicou preocupação com relação ao recursos para o financiamento climático aos países em desenvolvimento.

“Volumes que ainda não chegaram e não deveriam ser prometidos para 2024 ou 2025 quando já deveriam estar disponíveis, e que deveriam estar transformando a economia em uma economia neutra em emissões”, disse o ministro.

Ao longo de duas semanas, o espaço do Brasil na conferência das Nações Unidas realizou mais de cem painéis com transmissão ao vivo para o mundo com autoridades e lideranças de diferentes setores. O agronegócio brasileiro esteve na vitrine do evento, mostrando que é parte da solução nas questões ambientais, o que ocorre por meio de adoção de tecnologia, aplicação de métodos sustentáveis e uma das legislações mais rigorosas do mundo em relação à preservação ambiental.

O secretário de Sustentabilidade do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo, relatou a importância de o Brasil ter apresentando na conferência seu programa de baixa emissão de carbono, o ABC+. “São as nossas metas, as nossas estratégias, o nosso road map para os os próximos dez anos”.

Além do agronegócio, outros setores também vieram mostrar como estão contribuindo para a discussão, como é o caso da indústria brasileira. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, enfatiza que, em todo o planeta, o consumidor hoje busca por produtos e produtores que tenham comprometimento com o meio ambiente. “E a indústria brasileira quer ser dos mais importantes players do mundo com relação às questões ambientais”, diz Andrade.

Casos de sucesso em sustentabilidade no cooperativismo foram mostrados pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). A gerente geral da entidade, Fabíola Nader, cita o exemplo da Camta, uma cooperativa agrícola que reúne mais de 800 famílias sediada na Amazônia, e que consegue aliar preservação e produção, investindo em diversas culturas que convivem com a floresta nativa. Ela lembra ainda de um projeto para geração de energia renovável de diversas unidades, em parceria com a central de cooperativas da Alemanha, a DGRV, que repassa o know how aos brasileiros.

O setor de frutas também marco u presença na COP26. Presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho afirmou que o segmento no país é referência em sustentabilidade.

“A gente vem aqui à COP dizer que nós temos crédito de carbono a oferecer. A fruticultura tem uma inclusão enorme das mulheres, e 70% das frutas que a gente exporta sai de quatro estados do Nordeste – Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará”, afirma Coelho.

No espaço Brazil Climate Action Hub, a sociedade civil também contou com programação intensa em todos os dias da conferência. Em paralelo aos eventos, o alto escalão do governo federal se reunia com representantes dos quatro cantos do mudo.

Vinte e quatro países se encontraram com a delegação brasileira em reuniões ministeriais na busca por acordos bilaterais. “cho que o Brasil sai fortalecido [dessas relações bilaterais] pela presença robusta de casos que trouxe para cá, de diversos setores da economia”, diz o secretário de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Marcus Henrique Paranaguá.

Pessoas do mundo inteiro estiveram em Glasgow, no Reino Unido, querendo contribuir com novas soluções para um mundo melhor. Nos grandes debates da COP26, o resumo do primeiro ministro Boris Johnson, anfitrião do evento, disse tudo: “Carro, carvão, dinheiro e árvores. E, para tudo isso, união”.

Os EUA e a China surpreenderam ao falar em atuar juntos para chegar lá, enquanto o Paraguai resolveu se juntar ao Brasil, Argentina e Uruguai nas negociações, em uma COP que falou de urgência.

“Nesta edição, o Brasil teve um comportamento melhor, se comparado à última conferência [do clima]. O Brasil, pelo menos, não atrapalhou as negociações. O corpo diplomático brasieliro, que é extremamente habilidoso, teve mais espaço de trabalho e isso fez com que não se repetissem erros grotescos como os que aconteceram em Madri, em 2019. O que a gente precisa agora é tirar esse monte de assinaturas do papel e fazer virar prática”, disse o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.