Mercado e Cia

Milho: programa alavanca produtividade em estados com baixos índices

Mudança de paradigma levou operador de máquinas que cultivava apenas para subsistência a largar o emprego e se tornar produtor

O mesmo Brasil que bate recorde de produção e exportação de alimentos ainda enfrenta desafios. Dados divulgados pela Agroconsult mostram que enquanto a produtividade média do milho no país é de 101 sacas por hectare, produtores de Pernambuco colhem apenas nove sacas por hectare.

Esse era o caso do produtor pernambucano Nelson Araújo Junior. “Minha agricultura era de subsistência. Plantava só aquele pouquinho, apenas para o consumo. Hoje, eu planto para vender. Eu sonho alto, entendeu? Planto para gerar renda”, conta.

A mudança aconteceu graças ao programa Prospera, implantado em 2017 pela Corteva Agriscience, para capacitar pequenos produtores dos cinco estados nordestinos com menor produtividade de milho do país: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

“A agricultura brasileira é tão reconhecida mundialmente pela adoção de tecnologia, seja ela química, biológica, digital e de precisão, e tem toda essa fantástica produção, mas tem uma parte grande dos agricultores que está à margem de tudo isso. Então, o que a gente precisa fazer é democratizar essas tecnologias, levá-las para essas regiões”, afirma o líder do Prospera, Alexsandro Mastropaulo.

Atualmente, o programa atende mais de 1.400 inscritos, incluindo também estudantes de Agronomia. O conhecimento é passado através de vídeo-aulas e dias de campo com linguagem e formato simples para fácil absorção pelos produtores.

O Prospera também tem parcerias com 13 startups de diversos setores que auxiliam com ferramentas no processo produtivo mais eficiente e rentável, como uma plataforma online para compra e venda de produtos agrícolas não disponíveis na região desses agropecuaristas. Uma dessas startups facilita o aluguel de maquinários, uma espécie de “Uber dos tratores”.

Com a mudança de paradigma, Araújo abandonou a carreira de operador de máquina e assumiu definitivamente a missão de ser um agricultor. “Tenho uma renda boa, dá para viver com a família. O milho veio para ficar e acredito que não vai sair mais não”, afirma.