Agricultura

Após passagem de ciclone, SC decreta estado de calamidade pública

Medida é importante para que produtores rurais do estado possam tentar negociar dívidas com os bancos e ter acesso à ajuda do governo federal

ciclone destrói bananais
Ciclone atingiu as áreas rurais do estado. Foto: Jorge Marangoni/arquivo pessoal

O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, decretou estado de calamidade pública no estado por conta dos estragos causados pela passagem de um ciclone extratropical entre terça-feira e quarta-feira. O decreto será publicado no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira, 2.

Ao menos 152 municípios catarinenses tiveram ocorrências em função das rajadas de vento, que ultrapassaram os 130 km/h. Até o momento, noves mortes foram confirmadas e há duas pessoas desaparecidas.

Durante a tarde desta quinta-feira, o governador e o chefe da Defesa Civil, João Batista Cordeiro Júnior, participaram de uma videoconferência com o Fórum Parlamentar Catarinense, a Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) e representantes da Assembleia Legislativa (Alesc). Na ocasião, Carlos Moisés agradeceu à Alesc pelo repasse de R$ 30 milhões para ajudar na reconstrução e salientou que o decreto de calamidade busca dar celeridade ao processo de busca de recursos junto ao Governo Federal.

“Precisamos encaminhar isso o mais brevemente possível para Brasília para que possamos ter um retorno por parte do governo federal. O objetivo do governo do estado, por meio da Defesa Civil, é que haja celeridade nas respostas. Agradecemos o empenho da bancada catarinense nesse momento e colocamos a estrutura do estado à disposição”, afirmou o governador.

Além dos três senadores, também participaram da reunião do Fórum Parlamentar Catarinense deputados federais e mais de uma dezena de prefeitos. O chefe da Defesa Civil relatou aos parlamentares que os chefes dos executivos municipais têm entrado em contato para relatar os estragos em suas cidades.

Segundo ele, neste primeiro momento, o governo tem priorizado a assistência humanitária, com a distribuição de lonas. Também serão repassadas telhas e cestas básicas. Batista enfatizou ainda que a Defesa Civil está elaborando o plano de trabalho solicitado pela Alesc para a destinação dos R$ 30 milhões. O trabalho deve ser finalizado ainda nesta semana.

Em relação ao decreto de calamidade, Batista salientou que a ação foi necessária por conta da severidade do evento climático, que atingiu todas as regiões catarinenses.

“A partir dessas informações, o estado avaliou que era necessário decretar a calamidade pública. Isso vai gerar facilidades no recebimento de recursos da União, tanto para assistência humanitária quanto para reconstrução. Alguns municípios já decretaram situação de emergência e agora o governo decreta a calamidade pública em todo o estado. Vamos pedir que as prefeituras continuem mandando os relatórios de danos para que consolidemos todas essas informações”, disse João Batista.

Importante para o agronegócio

A declaração de estado de emergência pode ajudar produtores rurais atingidos pelo ciclone bomba a negociarem suas dívidas com os bancos, aos moldes do que aconteceu com os agricultores e pecuaristas atingidos pela seca no Sul.

Esta é a esperança do bananicultor Jorge Marangoni, que perdeu boa parte da produção na terça-feira. “Das minhas 50 mil plantas, sobraram 12 mil no máximo. Em uma área de 18 mil pés perto da minha casa, que foi mais atingida, não sobraram 2.000”, disse.

Presidente da Associação de Bananicultores de São João do Itaperiú (SC), ele salienta que todos os produtores da região foram afetados e estima perda de 50% na produção local. “Só os meus prejuízos, R$ 1 milhão não cobre”, relatou.

Secretário nacional vistoria áreas atingidas em SC

Na noite desta quinta-feira, está prevista a chegada em Santa Catarina do secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves. Na sexta-feira, ele fará um sobrevoo de áreas afetadas pelo ciclone ao lado do chefe da Defesa Civil. Uma equipe de profissionais da Defesa Civil nacional acompanhará o secretário em sua agenda no estado.

“Por orientação do presidente Bolsonaro, determinamos a ida do secretário e de técnicos da Defesa Civil Nacional para apoiar os trabalhos em Santa Catarina, o mais atingido por essa catástrofe causada pelo ciclone. O governo federal não poupará esforços para auxiliar a população do Sul do ´país nesse momento difícil”, destacou o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.

Em toda Santa Catarina, 1,5 milhão de unidades consumidoras ficaram sem energia entre a tarde e a noite de terça-feira. Diversas estruturas foram danificadas, e as equipes de diversos órgãos do governo do estado seguem atuando para realizar o levantamento completo dos estragos.