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Dólar dispara e fecha com alta superior a 2%, após decisão do banco central norte-americano

Além disso, o cenário internou impactou nas cotações da moeda norte-americana, com as incertezas sobre as reformas e questão dos precatórios

O dólar comercial fechou o dia em R$ 5,3750, com alta de 2,05%. Esta expressiva alta se deve à ata da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), sinalizando que os estímulos à economia, por ora, estão inalterados e, principalmente, pelas incertezas no cenário interno, com o governo concentrando esforços na aprovação da reforma tributária e Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos precatórios.

Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “o mercado está estressado com a incerteza das contas pública e coloca em dúvida a credibilidade da política fiscal do governo”. A economista é enfática ao dizer que o “ambiente político dificuldade qualquer aprovação”, referindo-se ao novo imposto de renda e PEC dos precatórios.

“Estamos aguardando estes desdobramentos ao longo do mês de agosto. Enquanto isso não terminar, vamos continuar vendo esse prêmio de risco na taxa de juros, o câmbio desvalorizado e o mercado patinando”, projeta Abdelmalack.

De acordo com o especialista em investimentos da Portofino, Thomás Gibertoni, “existe uma preocupação global com o crescimento e isso afeta os ativos de maior risco, que são os mercados emergentes”.

Além disso, os problemas domésticos parecem não arrefecer: “Temos sofrido mais que outros mercados emergentes. Com a implementação do novo auxílio, que não tem espaço para acontecer, vamos enfrentar um grande problema pela frente”, pontua Gibertoni. “Não se discute algo para solucionar o teto fiscal, mas sim para burlá-lo”, lamenta.

Para o estrategista de renda variável da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “o discurso do Fed não deve ter grandes surpresas, e os estímulos devem continuar por mais algum tempo”. Para Komura, a quarta-feira terá outro tom: “O começo de semana foi muito intenso, e agora a tendência é de menos volatilidade”, pontua.

Já no âmbito interno, o adiamento em uma semana da votação da reforma do imposto de renda na Câmara dos Deputados é mais um desdobramento da dificuldade do Planalto em dialogar com os demais Poderes. “Caso [a reforma] seja aprovada, será muito desidratada. O governo dá sinais de que não irá comprar essa briga”, disse. Komura, contudo, sublinha a questão política: “A briga entre os Poderes está muito mais latente do que a questão fiscal”.