MP do RS deflagra 7ª etapa de operação contra fraude no leite

São cumpridos mandados de prisão e busca em seis municípios gaúchosPela primeira vez, produtores rurais são apontados como parte do esquema de adulteração do leite.

As Promotorias de Justiça Especializada Criminal e de Defesa do Consumidor de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, deflagraram nesta quarta, dia 3, a sétima fase da Operação Leite Compen$ado.Pela primeira vez produtores rurais são apontados como parte do esquema de adulteração do leite.

Foram cumpridos 17 mandados de prisão e 17 de busca e apreensão. Na Cooperativa Tritícola de Erechim (Cotrel), documentos que comprovam a adulteração no leite foram recolhidos. Arino Adami, responsável pelos postos de resfriamento da empresa e Angelo Paraboni Filho, diretor da cooperativa, foram presos.

De acordo com a investigação, a empresa manipulava laudos laboratoriais dos leites adulterados e repassava o produto para a indústria. A fraude envolvia produtores, motoristas que transportavam o leite resfriado, laboratoristas e as empresas de resfriamento. Todos os envolvidos dividiam mensalmente o lucro do esquema criminoso.

Nesta sétima fase da Operação Leite Compen$ado, a investigação apontou que a fraude começava na origem, no produtor rural. Produtores e motoristas de caminhões refrigeradores acrescentavam sal ao leite com água, para ampliar o ponto de congelamento e assim mascarar a adulteração.

Das 17 prisões, quatro são pequenos produtores rurais de Viadutos, Machadinho e Maximiliano de Aalmeida. Além disso, 62 laudos do Ministério da Agricultura apontaram irregularidades no leite. A adição de água era feita nas propriedades rurais na proporção de 10%, mas em um dos casos, o índice chegou a 40%. As empresas recebiam o produto adulterado e enviavam para sete indústrias, duas de Santa Catarina, uma do Paraná e quatro do Rio Grande do Sul.

Durante a operação, o Ministério da Agricultura recolheu mais amostras do leite para análises laboratoriais. A empresa Rempel e Coghetto foi interditada. Já a Cotrel vai funcionar sob regime especial de fiscalização. As indústrias que receberam o produto adulterado vão precisar esclarecer o destino dos laticínios. Os presos foram encaminhados ao presídio de Erechim e vão responder pelos crimes de associação criminosa e adulteração de produto alimentício.